segunda-feira, 9 de maio de 2011

UMA MENTE A SERVIÇO DO REINO, WILLIAM TYNDALE

Servo extritamente abnegado e de uma piedade peculiar, assim resumiria William Tyndale (1484-1536). Tyndale nasceu em Gloucestershire, Grã Bretanha, num período em que a verdade das Escrituras encontrava-se obscurecida pela ostentação e pela falibilidade da igreja católica - até então detentora suprema da "interpretação" bíblica. Poderosamente influenciado pelos ideais reformados, Tyndale foi o homem utilizado por Deus para colocar a Bíblia nas "mãos" do povo de fala inglesa.


Em meados do século XVI, pós reforma protestante, era lastimável a situação espiritual que grassava o Reino Unido e partes da Europa. As pessoas viviam em polvorosa a procura de orientação espiritual, ambicionando paz para suas vidas carcomidas pelo medo da morte e do inferno, os quais, tendo em vista as péssimas condições de vida da época, eram assuntos sempre recorrentes.



Amiúde a pobreza crônica da época, os sacerdotes, descendentes diretos do "legado apostólico", viviam de ostentação e luxúria, pouco se importando com a realidade do povo. Ademais, a obscuridade da época e a sempre presente incerteza espiritual, fazia com que o povo, hávido por segurança, se submetesse a todos os caprichos do clero, os quais, variavam desde grandes penitencias místicas, até a venda de indulgências e salvo condutos do limbo, purgatório, e, até mesmo do próprio inferno.



Toda e qualquer pessoa que se insurgisse contra este funesto comércio era prontamente perseguida (vide reforma). As penas, geralmente oriundas do que seria conhecido posteriormente como Tribunal do Santo Ofício, variavam entre flagelos, votos de silêncio, excomunhão e, não poucas vezes, até a morte. O clima era de total desassossego. Muitos mártires surgiram neste período de crasso anacronismo no seio da Igreja Cristã.



Destarte, foi neste clima de incertezas e desconfianças que uma das mentes mais brilhantes da história do cristianismo entrou em cena. Mestre em Artes pela Universidade de Oxford e um dos mais proeminentes acadêmicos ingleses, William Tyndale, insurgiu-se contra a política obscurantista da igreja da época e, contra todos os reveses que lhe foram impingidos pelo sistema, intentou e corajosamente conseguiu fazer com que "os camponeses conhecessem a Bíblia melhor que muitos clérigos", sendo providencialmente ajudado pela utilização da imprensa.



Respirando ameaças e a própria morte, Tyndale, que a princípio iniciou o trabalho de tradução da Bíblia ainda na Inglaterra, por causa da perseguição que lhe seguiu, teve que refugiar-se na Bélgica. Por muito tempo foi alvo do ódio oriundo de Henrique VIII que, grosso modo, enamorado por Ana Bolein, apenas abstraía em Tyndale seu exdrúxulo modo de viver. Foram muitos dias de exílio e solidão em prol de um ditoso e glorioso ideal, os quais resultaram numa das mais belas traduções da Bíblia para língua inglesa.



Nos diz a história - conforme é pacífico - que após uma emboscada das mais vis, Tyndale finalmente foi preso e levado manietado até ao tribunal, onde tenazmente recebeu a sentença de morte, sendo executado na fogueira em meados de 1536.



Finalmente, como um humilde adimirador dos grandes exegetas e tradutores bíblicos, tenho em Tyndale o expemplo de um grande estadista do Reino. Exímio conhecedor do grego e profundo conhecedor do que ficou conhecido como novo ingês, este homem piedoso nos deixou um poderoso legado de abnegação e amor pelas Sagradas Escrituras. Sobretudo por suas últimas palavras, proferidas ao então monarca que beligerantemente ordenou sua execução, "Senhor, abre os olhos do rei da Inglaterra".



Infelizmente, Tyndale não sobreviveu para ver o cumprimento de sua oração, concretizada cerca de um ano após sua morte, quando o puzilânime Henrique VIII, autorizou a publicação e consequente averbação da Bíblia de Tyndale como texto oficial da nova Igreja da Inglaterra.


Fontes:


Filme, O Fora da Lei de Deus.

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