sexta-feira, 25 de novembro de 2016

A FEMINILIDADE E O CASAMENTO

Quanto tempo, não?

Após um longo período sem escrever para o blog, estes dias recebi o bondoso convite de escrever algo. Não tem muito a ver com o que outrora escrevíamos aqui. Mas, como a saudade bateu, compartilho o que escrevi. Quem sabe se outros textos virão? Bem, agora só o tempo dirá.

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in Ef 5.22-24

Quando Paulo escreveu aos efésios ele se encontrava preso na cidade de Roma. Um dos interesses de Paulo em escrever para a principal cidade da Ásia Menor fora fortalecer a mesma quanto a sua permanência na fé e no serviço do Mestre, uma vez que a cidade estava um tanto abalada pelo fato do principal representante do cristianismo entre os gentios se encontrar manietado na capital do império.

Esse breve contexto histórico, de per si, nos mostra a importância desta carta e bem assim o zelo que Paulo nutria por esta igreja, notadament
e a comunidade de fé em que ele mais se demorou ao longo de suas viagens, três anos. No que tange aos assuntos tratados por Paulo nesta epístola, figura o que nós escolhemos para servir como base para nossa reflexão, qual seja, a postura da mulher no âmbito do relacionamento conjugal. Sem dúvida, um assunto muito importante para Paulo, caso contrário, ele não “perderia tempo” tratando do mesmo.

O tema que estamos abordando se encontra inserido num assunto maior – o relacionamento entre os cônjuges – onde Paulo procura aconselhar tanto os maridos como as esposas. Ele inicia seus conselhos a partir das mulheres, isso me parece algo muito honroso, porque de acordo com a cultura da época, dificilmente as mulheres iniciaram qualquer coisa. Digo isso porque a esta altura, em termos culturais, as mulheres não possuíam qualquer proeminência. Elas eram desprovidas de direitos civis e sociais, para a sociedade da época soavam como uma espécie de cidadã de segunda categoria. O sentimento que se tinha era de que, quando solteira, a moça pertencia a seu pai – sendo este livre para estipular dotes, oferecê-la como moeda de troca em negócios escusos, desposá-la como esposa para homens desafeiçoados com fim de fortalecer famílias, etc. – o qual, através do pátrio poder, podia dispor de sua filha das mais variadas maneiras. Quando casada, o leque de possibilidades quanto à “serventia” da mulher diminuía consideravelmente. Contudo, uma coisa não mudava, ela ainda era tida como mero objeto, só que de propriedade de outro homem, no caso, seu marido.

Neste azo, a mensagem pregada por Jesus e perpetuada por homens tais como o apóstolo Paulo surge de forma revolucionária. Num contexto sócio-cultural em que as mulheres eram vistas da forma como retratamos, privilegiá-las, tê-las em consideração, seria no mínimo contra producente; algo de somenos importância, pois, afinal de contas, havia “coisas mais importantes” para se tratar que se preocupar com mulheres. Não obstante, de forma magistral, fora justamente isso que a mensagem do evangelho fez.

No evangelho, digo, na proposta estabelecida por Jesus e difundida nesta carta por Paulo, a mulher é tratada de forma diametralmente oposta. Agora, ela possui direitos e têm os seus deveres estabelecidos. Finalmente, ela pode sentir-se parte de algo, ter uma razão de ser, uma missão. É justamente disso que Paulo trata nos versos que ora analisamos. Ele diz: as mulheres sejam, em tudo, submissas ao seu próprio marido. Se lermos rapidamente este texto, temos a tendência natural de acharmos que quase nada mudou, afinal de contas, olha a tal submissão aí de novo. No entanto, a submissão proposta pelo evangelho não tem quase nada haver com a submissão experimentada pelas mulheres até então.

Digo isto porque, agora, o contexto é completamente diferente. Apesar da idéia de “ascendência” quanto ao homem permanecer, este, quando muito, não é mais dono da mulher e sim, responsável por ela. Sua missão, enquanto sacerdote de sua casa é auxiliar a sua esposa a trilhar um caminho que mais enalteça a Cristo e glorifique o seu nome. E é justamente para auxiliar nesta missão que a mulher deve prestar submissão a ele. Parece-me que é isso o que Paulo quis dizer quando asseverou que as mulheres devem ser submissas ao seu próprio marido na proporção em que a igreja é submissa a Cristo. Logo, se a missão de Cristo é conduzir a sua igreja incólume até a presença do Pai, a missão do marido para com a sua esposa não é em nada diferente.     

É por isso que no contexto da epístola ora tratada Paulo pressupõe que os cônjuges passaram pela experiência do novo nascimento, ou seja, foram alcançados eficazmente pelo evangelho – “pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz” Ef 5.8. Essa experiência ao tempo que capacita o homem a exercer o seu sacerdócio, também equipa a mulher com as ferramentas necessárias para auxiliá-lo – leia-se estar sob sua liderança – sendo submissa. Ambas as funções, sem a iluminação do Espírito Santo, não seriam nada fáceis. Daí a preocupação de Paulo em sugerir, a princípio, o relacionamento com Deus, para só então, o relacionamento com o cônjuge.

Para se ter uma idéia de como o evangelho é importante nesse sentido, atente para o fato de como a coisa muda sob a ótica do mesmo. A partir de agora, a mulher está não como mera coadjuvante (um objeto usado por quem exerce autoridade sobre ela), mas como a protagonista de sua própria história auxiliando (inferindo, opinando, participando) o homem que Deus lhe deu para amar, a conduzi-la até a casa de seu Pai celestial. Contudo, essa historia pode ficar ainda melhor, isso porque há uma meta a ser alcançada, pois, a missão do homem não é tão somente conduzir a mulher, mas amá-la, e isso numa proporção tal, a ponto de sua própria vida vir a responder pela dela. Até que, finalmente, este homem possa chegar ao final de sua jornada, e neste dia glorioso provar para Deus que teve êxito em sua missão, pois, tendo o Filho como exemplo, ele também estará apresentando sua noiva “como uma igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito”.

Desta forma, ante o exposto, eu pergunto: como não se submeter a um projeto assim?

Todavia, infelizmente, muitas mulheres não estão exercendo bem esta sua sublime missão. Ao que parece, isso devido ao fato de que a maioria destas mulheres ainda não conseguiu descobrir em termos bíblicos sua verdadeira feminilidade. Tais mulheres, por não compreenderem o projeto de Deus para suas vidas, lutam por assumir funções que não lhe competem, o que tem causado desconforto para suas vidas e transtornos para os seus relacionamentos. Além desta falta de conhecimento, há ainda outros dois fatores que tem sido preponderantes para o surgimento do problema aventado: a pressão ideológica (feminismo) e social (secularismo). Tais fenômenos têm concorrido para trazer muitos problemas. As mulheres que sucumbem aos mesmos alienam-se de Deus e crêem piamente que poderão substituí-lo com mantras motivacionais e frases de efeito que mais aumentam sua “sede de ser” que necessariamente lhes auxiliam em sua inglória jornada rumo a lugar nenhum.

Destarte, mais do que nunca, creio que a melhor maneira de resgatarmos a verdadeira feminilidade entrementes esta geração corrupta e perversa é promovendo um retorno a Palavra, ao projeto elaborado pelo próprio Deus para a vida das mulheres. Por mais que as pessoas tentem legar a mensagem do evangelho a um segundo plano, o panorama atual nos mostra que não existe nenhuma outra alternativa, se não, a promoção do projeto de Deus para a humanidade. De modo que, homens e mulheres, compreendam suas respectivas funções e lutem, com a graça de Deus, para implantar na terra os valores do seu Reino.