quarta-feira, 24 de abril de 2013

SUA VOZ ECOA NAS SELVAS


Estes dias o Senhor me concedeu a oportunidade de ler um dos melhores livros que já li em toda a minha vida. Trata-se da autobiografia de Sophie Muller, que figura em nossas livrarias sob o título: Sua Voz Ecoa nas Selvas.
A história de Sofia, como ficou conhecida esta norte-americana radicada na Colômbia, possui o poder de cativar tanto as mentes quanto os corações daqueles que graciosamente são conduzidos às linhas redigidas por esta guerreira do Senhor ao longo de suas idas e vindas pelos rios que cortam a Amazônia internacional, situada nos limites que dividem Colômbia, Venezuela e Brasil.
Esta querida serva de Deus ouviu falar de seu Senhor ainda muito jovem ao passear por um dos acessos ao metrô de Nova Iorque. Não sabia ela que de cima de um caixote surrado, ouviria a mensagem que transformaria para sempre a sua vida. Depois deste episódio, Sophie não mais abandonaria o desejo de servir a Jesus.
Tempos depois, já devidamente treinada e de posse das informações necessárias sobre o campo ao qual o Senhor havia ministrado ao seu coração. A senhorita Muller chega ao que seria o seu lar pelo resto de sua vida. As selvas amazônicas, no caso, a região regada pelos rios Negro e Içana – o qual faz parte tanto do território brasileiro como colombiano.
A princípio, o objetivo de Sofia era evangelizar os karom, como são conhecidos os índios Baniwas em solo colombiano. Contudo, numa de suas viagens, “sem que soubesse” Sofia atravessa a fronteira entre os dois países e passa, também, a evangelizar as terras de Santa Cruz. Surgia, deste aparente acaso, uma das mais bem sucedidas empreitadas missionárias entre os índios brasileiros.
Ao longo de mais de quarenta anos Sofia Muller evangelizou diversas tribos, tais como baniwas, puinaves, kuripacos, kobeos, piapocos, guaíbos e guaiaberos. Isso sem contar suas investidas entre índios completamente destituídos, a época, da presença do “homem branco”, caso dos cuivas selvagens e dos macus.
É enorme a divida que temos enquanto missionários e servos do Senhor para com a vida e a obra de Sofia Muller. Seu exemplo de abnegação e amor pelo Senhor Crucificado são contagiantes. É de tirar o fôlego à narrativa dos perigos e das aventuras vivenciadas por esta insigne missionária em terras completamente selvagens, num ambiente tão hostil que os mais zelosos desbravadores pensariam duas vezes antes de se aventurarem por eles. A contribuição das pesquisas feitas por Sofia entre as diversas etnias por ela evangelizadas, suas traduções e todas as gravuras por ela catalogadas foram providencias para a continuidade do trabalho desenvolvida pelas demais agencias missionárias que continuaram o legado deixado por ela.
Neste breve relato, gostaria de externar a maneira como o contato com a história de Sofia Muller tem influenciado missionários espalhados por todo o globo. Encorajando-os a perseverar naquilo que Deus tem colocado em suas mãos, não importando os reveses pelos quais os mesmos tenham que passar. Some-se a isso, a profunda admiração tão facilmente percebível nas feições dos anciãos das tribos alcançadas por Sofia, quando os mesmos se referem a ela como a mulher enviada por Deus para lhes salvar de seus fetiches e pagelanças, as quais, lhes afastavam do Deus Todo-Poderoso criador de todas as coisas.
Ademais, por conta do fulgor do brilho manifesto na vida desta destemida missionária tão profundamente apaixonada por seu Senhor, certa vez, na iminência de se sondar como ela podia ser tão cativa a vontade soberana daquele que “é tudo em todos”, lhe perguntaram:
            - Sofia, como se deu o seu chamado?
            - Chamado? Ora, eu nunca tive um!
- Eu simplesmente li uma ordem e obedeci.
Que a voz de Sofia Muller possa ecoar nas selvas até o momento de ser substituída pelo clamor da “última trombeta”.
Vicit agnus noster e um sequamur

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

NOVA IGREJA NO SERTÃO PARAIBANO

 
Olá Missionários do Senhor, Graça e Paz!

Queridos, é com imensa satisfação que trago boas novas do campo missionário. Como é do conhecimento de todos, desde o dia 05 de Janeiro de 2013, uma equipe de 20 missionários está na cidade de Patos plantando uma nova igreja no sertão da Paraíba.

A equipe está hospedada na casa da família missionária Renê, Juliete e Ana Júlia que de todo coração tem nos abençoado com uma hospitalidade sem igual. O clima de espiritualidade e comunhão permeia todo o ambiente e é notório o desejo de todos de fazer daquele lugar uma ante-sala do Reino.

Desta forma, quando se une uma equipe de missionários apaixonados pelo Senhor e o desejo d'Ele próprio de se fazer conhecido até os confins da Terra, o que temos é exatamente o que está acontecendo em Patos. Todos os dias Deus tem nos abençoado com milagres que não temos palavras para expressar, as vidas de todos estão sendo impactadas e o bem perfume de Cristo se faz sentir por todo lugar. E o melhor! Muitas vidas estão se rendendo ao senhorio de Cristo e todos os dias novos grupos familiares de discipulado estão sendo formados para ensinar aos novos convertidos "o motivo de tanta alegria" por parte dos missionários.

Neste momento, o projeto muda um pouco de estratégia. Aos poucos o impacto evangelístico vai dando lugar a um relacionamento mais sólido e pela tenra misericórdia de Deus as portas dos sertanejos têm se aberto para nós e um belo relacionamento tem brotado, O Senhor é bom!

Gostariamos, desta forma, de compartilhar com vocês algumas imagens de tudo isso. Acessem o canal do youtube Resgate do Evangelho e assistam aos vídeos e também ao depoimentos. Tenho certeza que Deus estará falando ao vossos corações. Há, não esqueçam! Todas as semanas novos vídeos serão postados, ok?

No mais, saibam que amamos todos vocês e agradecemos a todos que com suas ofertas missionárias, suas orações e acima de tudo com seu clamor para com Deus nos deram condições de estarmos vivendo este sonho. Deus abençoe a todos e muito obrigado!

A igreja que está em Patos-PB vos saúda!



Em Cristo,
Pr Jamerson Lopes do Nascimento - Dir. do Dept. Estadual de Missões.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A SECA NO SERTÃO

O que fazer diante disso?

Caros irmãos em Cristo,

Gostaríamos de pedir sua ajuda e suas orações para esta situação de emergência.

Desde o ano passado a Missão Juvep tem atuado junto aos Quilombolas (remanescentes de escravos) de Santa Teresinha (PE), através das missionárias Vilma e Bebel.
A seca este ano tem castigado duramente esse povoado, que tem sido esquecido pelo poder público. São aproximadamente 1.500 pessoas padecendo praticamente sem assistência!
A situação é gravíssima, como descrito no e-mail da missionária:


Olá irmãos, graça e paz
Estou vos escrevendo porque há um pedido urgente de oração é que o poço que o pessoal da Vila pegava água para beber e cozinhar secou, eles estão desesperados, pois só resta a ÁGUA VERDE e FEDIDA, CHEIRO PURA FOSSA e o povo já está adoecendo devido as bactérias que há na água.
Continuem orando pelos demais pedidos como pelos novos convertidos por mais conversões, pelos trabalhos, por mim, meu ministério, saúde...

Um grande abraço.
No amor de CRISTO,
Vilma.

O que fazer diante disso?
O plano da Juvep é:

1) Abastecer o povoado com 2 carros pipa por semana, o suficiente para beber e cozinhar, durante 3 meses.
Cada carro pipa tem capacidade para 7.000 litros de água, ao custo de R$ 120,00.

2) Viabilizar a construção de um poço profundo, no valor de R$ 10.000,00, que inclui perfuração e todos os equipamentos

3) Viabilizar o conserto da barragem do povoado, o que auxiliaria o abastecimento nos próximos anos, ao custo estimado de R$ 8.000,00

Como ajudar?
O orçamento estimado de acordo com as ações acima é de R$ 21.360,00.
Para ofertar, deposite a quantia que Deus lhe orientar, na seguinte conta bancária:

Missão Juvep
Caixa Econômica Federal
ag 0036
op 013
cc 317988-3

Que o amor que podemos expressar em nossos gestos em favor desse povo possam amolecer seus corações e abrir as portas para que o evangelho de Cristo entre!
Coloque os quilombolas de Santa Teresinha em sua agenda de oração!
Muito obrigado!!

A coordenação do Departamento de Desenvolvimento Comunitário da Missão Juvep
Marcio Sato
Tel: (83) 9630-1042 (83)32482095
 
OBS.: Artigo Publicado no site da Missão Juvep http://www.juvep.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=440:o-que-fazer-diante-disso&catid=34:institucional compartilhando para oração e atuação.
 
Equipe Supracultural Este endereço de e-mail está protegido contra SpamBots. Você precisa ter o JavaScript habilitado para vê-lo.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

EVOLUCIONISMO CULTURAL, Celso Castro


EVOLUCIONISMO CULTURAL

Uma breve biografia dos principais autores:
 
LEWIS MORGAN

     Nasceu em 1918 em Nova Iorque. Profundo conhecedor das tribos iroqueses, estudou-as profundamente. Sua especialidade fora “parentesco”, com o livro “Sistemas de consangüinidade e afinidade da família humana” o maior e mais caro livro até então publicado pela Smithsonian Institution. Morgan chegou ã conclusão de que havia apenas dois sistemas de terminologia de parentesco, fundamentalmente diferentes: um descritivo (do hemisfério sul, tropical e claramente não-europeu) e outro classificatório (da Europa e do noroeste asiático).

Depois publica o “Castor americano e suas obras”. Contudo, seu opúsculo fora “Sociedade Antiga”, No livro, Morgan estudou os estágios de progresso da sociedade humana através da análise de cinco casos exemplares: os aborígines australianos, os índios iroqueses, os astecas, os gregos e os romanos. O desenvolvimento da idéia de propriedade teria sido, na interpretação de Morgan, o processo decisivo para o surgimento da civilização. Com o livro, Morgan tornou-se internacionalmente conhecido (embora também bastante criticado) e o principal expoente da antropologia nos Estados Unidos. Toda uma geração de jovens interessados na disciplina passou a procurá-lo em sua casa em Rochester. Este livro que influenciou profundamente Marx e Engels. Morreu em 1881.

EDWARD BURNETT TYLOR

     Pai do conceito moderno de cultura e do conceito de anima na natureza. Nasceu em 1832. O primeiro livro publicado pelo mesmo fora Anahuac: ou, México, antigo e moderno. Depois publicou Pesquisas sobre a antiga história da humanidade e o desenvolvimento da civilização. Sua obra principal fora “Cultura Primitiva: pesquisa sobre o desenvolvimento da mitologia, religião, linguagem, arte e cultura”.

Tylor é por muitos considerado o pai da antropologia cultural por ter dado pela primeira vez uma definição formal de cultura, na frase que abre Cultura primitiva — cujo primeiro capítulo, "A ciência da cultura", foi incluído nesta coletânea: "Cultura ou Civilização, tomada em seu mais amplo sentido etnográfico, é aquele todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem na condição de membro da sociedade."

Em 1883, após terem sido feitas reformas universitárias na Grã-Bretanha, Tylor afinal pôde ser nomeado para um cargo público, tornando-se conservador (Keeper) do museu da Universidade de Oxford (atualmente, Museu Pitt-Rivers). Já era considerado a maior autoridade britânica em antropologia, razão pela qual tornou-se, no ano seguinte, o primeiro presidente da recém-criada Seção Antropológica da BAAS. Foi também, por duas vezes, presidente do Royal Anthropological Institute. Ainda em 1884, tornou-se o primeiro Leitor (.Reader) de Antropologia de Oxford e da Grã-Bretanha, e em 1896, Professor, o grau mais elevado da vida acadêmica britânica (equivalente ao professor titular no Brasil).

Foi tido como o maior antropólogo inglês, vindo a receber o título de “Sir”. Morreu em 1917 aos 84 anos.

JAMES GEORGE FRASER


     Nasceu na Escócia em 1854, estudou na Universidade de Glasgow, mudando-se depois para o Trinity College em Cambridge do qual jamais se desligou por toda a vida – o mesmo fora bolsista vitalício sem ônus. O mesmo fora um profundo conhecedor dos clássicos gregos e latinos, conhecendo os mesmos no original. Sua maior obra fora o “Ramo de Ouro”. O mesmo foi o primeiro acadêmico da antropologia a ocupar uma cátedra universitária – Universidade de Liverpool. Morreu em 1931, após receber o título honoris causa da Sorbone. Em 1922, iniciaram-se as Frazer Lectures [Conferências Frazer], realizadas anualmente até hoje, num regime de rodízio, pelas universidades de Glasgow, Cambridge, Oxford e Liverpool, com a participação dos antropólogos mais eminentes.

     Aqui um pequeno trecho do Ramo de Ouro:

Através de uma aplicação do método comparativo, creio poder demonstrar ser provável que o sacerdote representou em sua pessoa o deus do bosque — Virbius — e que seu sacrifício foi visto como a morte do deus. Isso levanta a questão sobre o significado do difundido costume de se matar homens e animais vistos como divinos... O Ramo de Ouro, creio poder demonstrar, era o visco, e toda a lenda pode, creio, ser posta em conexão, por um lado, com a reverência druídica pelo visco e os sacrifícios humanos que acompanhavam seu culto; e, por outro lado, com a lenda nórdica da morte de Balder. O que quer que se pense das teorias [do livro] descobrirão que ele contém um grande estoque de costumes muito curiosos, muitos dos quais podem ser novidade mesmo para antropólogos reconhecidos. A semelhança de muitos desses costumes e idéias selvagens com as doutrinas fundamentais da Cristandade é admirável. Mas não faço referência a esse paralelismo, deixando que meus leitores tirem suas próprias conclusões, de uma maneira ou de outra.

     Sua última obra fora Folclore no Antigo Testamento, publicado em 1918.

TEORIA EVOLUCIONISTA

O postulado básico do evolucionismo em sua fase clássica era, portanto, que, em todas as partes do mundo, a sociedade humana teria se desenvolvido em estágios sucessivos e obrigatórios, numa trajetória basicamente unilinear e ascendente. A possibilidade lógica oposta, de que teria havido uma degenera- ção ou decadência a partir de um estado superior — idéia que tinha por base uma interpretação bíblica — precisava ser descartada, como se poderá ver nos textos aqui reunidos. Toda a humanidade deveria passar pelos mesmos estágios, seguindo uma direção que ia do mais simples ao mais complexo, do mais indiferenciado ao mais diferenciado.

O caminho da evolução seria, nas palavras de Morgan, natural e necessário: "Como a humanidade foi uma só na origem, sua trajetória tem sido essencialmente uma, seguindo por canais diferentes, mas uniformes, em todos os continentes, e muito semelhantes em todas as tribos e nações da humanidade que se encontram no mesmo status de desenvolvimento."

Como decorrência da visão de um único caminho evolutivo humano, os povos "não-ocidentais", "selvagens" ou "tradicionais" existentes no mundo contemporâneo eram vistos como uma espécie de "museu vivo" da história humana — representantes de etapas anteriores da trajetória universal do homem rumo à condição dos povos mais "avançados"; como exemplos vivos daquilo "que já fomos um dia". Para Frazer, "o selvagem é um documento humano, um registro dos esforços do homem para se elevar acima do nível da besta".

Os pressupostos evolucionistas foram muito criticados, nas duas primeiras décadas do século XX, por antropólogos que preferiam explicar a questão da diversidade cultural humana através da idéia de difusão, e não da de evolução. Para a chamada escola difusionista, a ocorrência de elementos culturais semelhantes em duas regiões geograficamente afastadasdas não seria prova da existência de um único e mesmo caminho evolutivo, como pensavam os evolucionistas; o pressuposto difusionista, diante do mesmo fato, era que deveria ter ocorrido a difusão de elementos culturais entre esses mesmos lugares (por comércio, guerra, viagens ou quaisquer outros meios).

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

DÁ-NOS A PARAÍBA, SENHOR!


Não há como fazer uma simples oração como esta e não nos lembrarmos do servo do Senhor, John Knox. Há muito tempo atrás era esta a oração que o homem de Deus fazia ao retornar ao seu país – Escócia – após um período de aprendizado na Escola de Teologia de Genebra – que Knox chamou de a mais perfeita escola de Cristo desde os tempos apostólicos –, a qual era liderada por João Calvino.
Nestes últimos meses esta oração não sai de minha mente e coração, “dá-nos a Paraíba, Senhor!”. Em pouco mais de sete meses já podemos contar com algumas igrejas inauguradas e muitos Conselhos Missionários em pleno funcionamento. O último, por exemplo, ocorreu na cidade de João Pessoa, e muitos foram os sinais da presença de Deus naquele lugar ao longo de todo o evento missionário que ocorreu ali. Agora, o Senhor nos conduz a mais um desafio. Desta vez, o alvo de nossa saga missionária será a cidade de Alagoa Grande, mais precisamente a igreja OBPC que se reúne naquela cidade sob a liderança do Pr. Gilbemar.
Destarte, todos os contatos já foram feitos e os preparativos se encontram encaminhados, se Deus permitir, no próximo dia 20 deste mês, mais uma caravana partirá da cidade de Campina Grande para juntos com os amados da igreja local, somarmos forças na iminência de sermos uma pungente resposta a expectativa de Deus de “fulgurar a sua glória e fazer conhecido o seu nome até os confins da Terra”.
Pois é amados. Estas são apenas algumas das maravilhas que Deus tem realizado em nossas vidas e ministérios. Contudo, alguns desafios ainda insistem em nos preocupar, se bem que a nossa força está no Senhor. Um destes desafios, por exemplo, é o fato de algumas de nossas igrejas ainda não terem se envolvido na obra de missões, o que não apenas têm sobrecarregado as demais igrejas, como também, tem contribuído para dificuldade de se conseguir os recursos necessários a todos os projetos que estão sendo desenvolvidos e que, pela infinita misericórdia de Deus, tem tomado proporções que estão surpreendendo a todos. Outro desafio tem sido auxiliar as igrejas recém-visitadas pelo projeto de Implantação de Conselhos Missionários a permaneceram firmes na seara missionária, uma vez que as investidas do exército inimigo tem tentado minar as forças daqueles que tão zelosamente estão se mobilizando “no Nome do Senhor”. Mas, quanto a isso não há com o que se preocupar, pois, “maior é o que está conosco do que o que está com o mundo”. Existem ainda outras questões, mas, a meu ver, estas são as principais.
Não obstante, o Deus Todo Poderoso “é bom, é fortaleza no dia da angústia e conhece os que nele se refugiam”. Digo isto porque outro dia estive visitando um irmão e este me levou ao seu quarto de oração e me mostrou um mapa da Paraíba estendido, sob o qual o mesmo tem orado insistentemente, da seguinte forma:
            Dá-nos a Paraíba, Senhor!
No mesmo instante Deus me transportou em meus pensamentos a antiga Escócia de John Knox e me fez lembrar das maravilhas realizadas ali, e, com um cicio, declarou-me:
            Eu, o Senhor, não mudo” Ml 3.6
Pr. Jamerson Lopes do Nascimento
Departamento de Missões Estaduais

 
           Campina Grande, Outubro de 2012.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

CURSO DE EVANGELISMO CONTEXTUALIZADO [3ª parte]


Parte

Baseado no Evangelho de João 4.31-45





Compreendendo o Propósito de Cristo


     1 – Porque Viajar por Território Samaritano, e Quanto a Sicar?

Neste ponto, gostaria de abrir um pequeno parêntese e comentar um pouco da intenção de Jesus em enviar os discípulos a Sicar. O mesmo orgulho que precisava ser trabalhado na vida da samaritana, precisava também ser arraigado da vida dos próprios discípulos.


Assim, Jesus, entrevendo o que aconteceria numa exótica visita destes a uma cidade samaritana, sem delongas, os enviou. Imaginemos a cena dos discípulos numa das “bodegas” samaritanas tendo que conversar com o comerciante? Imagine ainda os semblantes de ambos, judeus e samaritanos, se entreolhando pelas ruas empoeiradas da humilde cidade? Não seria preciso tanta imaginação para divisarmos os semblantes carregados num misto de reserva e repulsa, que os impelia a, o quanto antes, deixar aquela inditosa cidade e retornar, “incontaminados”, a presença do Mestre.
    

     A – A Verdadeira Postura de Um Cristão Frente ao Campo Missionário

O fato é que, enfim, eles retornaram: “Nesse ínterim, os discípulos lhe rogavam dizendo: Mestre, come! Mas ele lhes disse: Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis. Diziam, então, os discípulos uns aos outros: Ter-lhe-ia, porventura, alguém trazido o que comer?” (V 31-33).


     Jesus, através da visita realizada pelos discípulos, procurava “abrir-lhes os olhos” para necessidade de perceberem seu ministério transcultural. Queria fazer com que os mesmos percebessem nos samaritanos, vidas que precisavam das Boas Novas trazidas pelo Mestre, todavia, eles não compreenderam esta sublime verdade, que como sempre, estava sendo ensinada por Jesus nas entrelinhas de sua vida cotidiana. Com as palavras “uma comida tenho para comer, que vós não conheceis” em resposta a pergunta feita pelos discípulos, Jesus nos deixa isto muito claro. Poderíamos conjecturar as palavras de Jesus: “vocês ainda não conhecem minhas verdadeiras necessidades, o teor da minha missão”.


     Ora, conforme percebemos em toda narrativa a respeito da missão do Cristo, a ambição deste sempre foi cumprir sua missão pré-estabelecida pelo Deus Pai, a qual seja se revelar ao homem conduzindo-o a reconciliação eterna. Observe: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra”. E, nesta obra de restaurar o homem a presença de Deus, os samaritanos, sim, “até eles”, para espanto dos judeus, estavam também inclusos. Algo que foi poderosamente expressado pelo Senhor Jesus num dos exemplos mais bonitos de toda a narrativa bíblica.


     B – O Ponto de Pior Compreensão da Igreja!


     Lembre-se que a mulher samaritana tinha abandonado o cântaro e corrido para anunciar aos seus conterrâneos o encontro que tivera com o Cristo, pois é ela tinha logrado êxito em seu “frenético evangelismo” e uma multidão a acompanhava para ver de fato o que estava acontecendo[1]. É neste ponto que Jesus reúne os discípulos em torno de si e nos dá um profundo exemplo da importância contextual do Evangelho para sua perfeita compreensão: “Não dizeis vós que ainda há quatro meses até à ceifa? Eu, porém, vos digo: erguei os olhos e vede os campos, pois, já branquejam para a ceifa” (V35).


     Os samaritanos, vindo ter com Jesus, no movimento natural do caminhar, mais pareciam com um campo de trigo quando açoitado pelo vento. Jesus se utilizou desta semelhança para criar uma ponte que melhor permitisse aos discípulos compreender o que Ele estava dizendo.


Ele dizia, Levantai os vossos olhos, olhem para os samaritanos que caminham até nós, vocês não dizem que eles não estão maduros (não são dignos) para o Reino de Deus, eis que Eu vos digo, observem melhor, pois, os campos (os samaritanos) já branquejam para ceifa (procuram desesperadamente a salvação).


Que exemplo belíssimo! Agora eles entendiam o por que de viajar por caminho, outrora, tão inditoso; entendiam o porque do convívio provocado por Jesus quando os enviou a Sicar; entendiam porque Jesus, para escândalo de qualquer “Rabino”, estava conversando com uma mulher samaritana. A resposta agora era óbvia: Os samaritanos também faziam parte do Reino de Deus!

     C – O Resultado de um Evangelismo Contextualizado

Nos versículos que seguem (36-38) o Senhor continua por ensinar a matemática da ceifa, os trabalhos realizados pelo que lança semente (evangeliza em solo ainda não semeado) e do colhe o fruto de seu trabalho (aquele que acolhe os que reconhecem a Jesus como Senhor) mostrando que tanto um como o outro, entesouram para a vida eterna. No caso, a samaritana havia plantado, e dentro em breve, eles estariam colhendo.  Isto sim é uma aula de cristianismo!


     Muitos samaritanos daquela cidade creram nele” (V41). Tanto o testemunho da mulher, como o convívio com Jesus e os discípulos, agora sim comunicadores, contribuíram para que muitos recebessem a Cristo como Salvador e tivessem suas vidas transformadas sem prejuízo algum a sua raça, a sua história, a sua cultura. O que prova que não é o evangelista que “retira as arestas” e sim a Palavra de Deus no trabalhar do Espírito Santo.

E Agora, Qual Será sua Postura Frente à Obra de Evangelização/Missionária?


     Consideração Finais


     Não restam dúvidas quanto à urgência de se comunicar a todas as etnias um evangelho verdadeiramente pertinente e significativo. Contudo, assim como ocorria com os discípulos que não compreendiam o amor que Deus sentia pelos samaritanos, também agora o povo de Deus tem evitado “passar por território samaritano” e com isso a causa de missões tem perecido.     Nossa intenção é levantar um povo cada vez mais parecido com Jesus, um povo amante dos perdidos, daqueles que vivem num mundo de trevas destituídos do evangelho santíssimo. Entretanto, a luta tem sido árdua, são muitas as dificuldades e, como fora dito, o campo é enorme e “branqueja para ceifa”. Portanto, que todos nós, ao término de mais este estudo, possamos parar um pouco em nossa vida e em nossos próprios projetos, para ouvirmos uma voz que continua a clamar:


A quem enviarei, e quem há de ir por nós?”
Is 6.8b

    
     Juntem-se a nossa igreja em resposta, nós já ouvimos essa voz...



[1] Todos somos salvos para salvar, quem não se compromete com a causa missionária deve urgentemente repensar sua salvação.

sábado, 4 de agosto de 2012

CURSO DE EVANGELISMO CONTEXTUALIZADO [2ª parte]


Parte


Baseado no Evangelho de João 4.19-29


Conceituando a segunda parte

           


          1 – Cosmovisão[1] Samaritana


     A – Uma Abordagem Fenomenológica – A Ideia de Templo
 

     Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4.6b).


     O profeta Zacarias (520 a.C.), contemporâneo mais jovem do profeta Ageu (520 a.C.), assim como este último, foi incumbido pelo Senhor de induzir o povo à “reconstruir o Templo”. Segundo Shedd, “A mensagem escrita de Zacarias, forma um significativo elo entre os profetas anteriores, a cujo ministério ele se refere e as fases posteriores da obra redentora de Deus, sobre a qual o seu livro presta tão eloquente testemunho”. Segundo se depreende, o elo a que se faz referência diz respeito à posição que o Templo ocupava na adoração do povo, fato que norteava a premissa de sua reconstrução e todo o empenho por parte daqueles responsáveis por esta tarefa.


     Segundo Mircea Eliade, um dos mais influentes estudiosos da religião do século XX, não apenas em culturas específicas (como a israelita), mas em todas as demais (mesmo que com centros e/ou objetos de adoração diversos), o templo, ou melhor, as hierofanias (algo de sagrado que se nos revela), representam para os povos (que podem ou não variar em termos de desenvolvimento cultural), uma ruptura no espaço cósmico (mundo), fato que provoca uma separação (limiar), entre o espaço sagrado e o profano. Daí a importante posição que os centros de adoração ocupam na identidade cultural de todos os povos, pois, o homem religioso (em todos os tempos) é sedento do ser (sagrado). Eliade, vai ainda mais longe em seu pensamento a respeito da posição do sagrado na vida dos povos ao dizer que “é graças ao templo (a manifestação do sagrado) que o mundo é ressantificado em sua totalidade”.


     “Uma vez perdido contato com o transcendente, a existência no mundo já não é possível”, por causa disso, o templo é tão importante, pois, denota singularidade num mundo onde “o sagrado e o profano constituem duas modalidades de ser” (Eliade).


     B – O Fenômeno Religioso Aplicado ao Texto


     Vislumbrado a importância do local de adoração para implementação da identidade cultural dos povos, passemos outra vez a analisar o texto extraído do Livro do Profeta Zacarias. Ele diz, “não por poder, mas pelo Espírito”. Com esta sentença, conforme mencionei acima, percebemos a semelhança entre o pensamento de Zacarias e o tratar de Jesus em relação à mulher samaritana.


     No diálogo que estamos analisando (Jo 4.1-42), ficou óbvio que o Mestre sempre procurou esclarecer a mulher através da atuação maravilhosa do Espírito Santo, e nunca, através do poder de sua possível “ascendência cultural”, ou de qualquer outro meio que não fosse pelo Espírito; fato que não somente válida, mas também especifica o teor da comunicação em contexto intercultural, o qual seria, “Pregai o Evangelho”. Além disso, tanto um (Isaías) como outro (Jesus) procuravam a “Reconstrução do Templo”, todavia, este que agora era pregado pelo Senhor Jesus, não seria reconstruído por mãos humanas (At 17.24), mas, a semelhança do primeiro, seria o local de habitação do Espírito de Deus (I Co 3.16; 6.19).


     Jesus estava nos revelando que cada ser humano (desde que presente em seu Corpo (Rm 8.9), seria Templo e morada do Espírito Santo, fato que expandiria o “local de culto” e ressantificaria (reorganizaria) um mundo que jaz no maligno (I Jo 5.19). Jesus implementava a “otimização” da luta contra o caos através de embaixadas (Templos Humanos) espalhadas por todo o mundo, as quais, representariam a presença d’Ele em todo lugar e funcionariam como uma tocha acesa em meio à escuridão, como o sal que não permitiria que o mundo de resto apodrecesse.


     Jesus comissionava à humanidade para que, com a mensagem supracultural do evangelho, funcionassem como “A Solução para o Caos!”.


OBS.: Uma vez compreendida a relação entre o texto de Zacarias e a nova proposta de Jesus em relação ao “Templo”, voltemos ao texto do Evangelho de João.



     A Verdadeira Adoração


     Ora, percebemos a relevância da “abordagem contextualizada” de Jesus através do progresso conseguido em tão pouco tempo de conversa. Lembre que no princípio do diálogo, conforme mencionamos, a mulher começa por tratar ao Senhor Jesus tão somente como um simples judeu. A seguir, após mais um momento de conversa ela já o trata como Senhor, e por fim, ponto que da início a análise do diálogo neste segundo momento, ela o chama de “Profeta”.


Neste ponto, voltemos ao texto.


     2 – O Poder Esclarecedor do Evangelho


     Senhor, disse-lhe a mulher, vejo que tu és profeta” (V19). Essa foi à resposta da samaritana após a breve e esclarecedora observação do Mestre a respeito de sua vida particular. Jesus, em seu comentário, toca num ponto delicado da vida daquela mulher (sua situação conjugal) e a faz perceber a singularidade de sua pessoa. Como a postura assumida por Jesus denotava uma poderosa autoridade espiritual (algo raro naquela região), a mulher não perdeu tempo, e numa última tentativa de fazer surgir do coração de Jesus o possível “leão cultural” até então “adormecido” (fato que justificaria o questionamento, e que no “pensamento da mulher” revelaria de uma vez por todas o caráter de Jesus), fez o seguinte comentário, na esperança de super aguçar até o mais comedido de todos os judeus, “Nossos pais adoravam neste monte; vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar” (V20).


     A – Nós Somos Convocados a Evangelizar, Não a Discutir[2]


     Obviamente ela estava muito interessada em ouvir a opinião de Jesus a respeito desta “disputa cultural” que ao longo dos anos já contava com a morte de inúmeras pessoas que, em seu zelo desmedido, já haviam ultrapassado todos os limites possíveis (Josefo). A grande questão em torno deste tema seria: Afinal, qual dos dois montes realmente seria o mais santo, Gerisim ou Ebal? Com esta indagação, a samaritana achava que estava preparada a arena para mais uma batalha entre uma e outra cultura. Mas, inevitavelmente, ela mais uma vez ouviu uma poderosa resposta de Jesus.


     Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são esses que o pai procura para seus adoradores. Deus é Espírito, e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (V 21-24).  

     B – Por que a Questão do Templo era tão Importante?


Desde muito antes e, a época deste diálogo, à “supremacia cultural” de cada povo estava intimamente relacionada à área de atuação que o seu deus controlava e ao poder de que este deus dispunha para, em tempo oportuno, livrar o povo que o adorava de possíveis inimigos (e ainda não é?).


Quem possuía o deus mais poderoso inevitavelmente era o povo mais forte, e essa particularidade norteava toda a vida social em praticamente todas as culturas. A intenção dos samaritanos era se tornar melhor que os judeus por serem o povo que detinham o verdadeiro local de “atuação e habitação” do Senhor (o templo de Gerisim), enquanto que os judeus pensavam exatamente o contrário (com seu templo no Ebal, Jerusalém). Percebe-se então, que com esta pergunta, o objetivo da samaritana era reacender a chama desta disputa.
    

     C – A Poderosa Aplicação Cultural de Cristo


Todavia, segundo Champlin, “a resposta dada por Jesus declarou a abolição da adoração sectarista, a derrubada de bandeiras religiosas, a remoção de reivindicações rivais do meio da adoração verdadeira, sem importar se essas reivindicações são judaicas ou samaritanas. O verdadeiro centro da adoração não era nem um monte e nem um templo, mais sim, uma pessoa – O Cristo”.


Cristo teria a missão de remir “pessoas de todos os povos” (Ap 5.9-10), o que “seria suficiente para destruir todas as barreiras que os homens teriam construído para satisfazer o seu orgulho nacionalista” e sectarista. 


A resposta de Jesus apontava para uma adoração que não precisaria de bandeiras, que não estaria restrita aos templos suntuosos construídos pelos homens, que viria como a mais poderosa resposta às barreiras culturais que separavam os povos e funcionaria como o mais poderoso símbolo da unidade, pois, os seus adoradores estariam todos habitando num mesmo corpo, reunidos em um único propósito; o qual seria: Adorar ao Deus todo poderoso de maneira que os pressupostos culturais não mais os separariam, pois, adorariam em “Espírito e em verdade”.


     Jesus transferia a autoridade (criada pelos homens) dos templos construídos em todas as culturas e a depositava sobre a vida das pessoas (esse é o sentido de reconstrução fomentada por Cristo a que me referia acima), acabava com os entreveros culturais que visavam supremacia e nivelava todos os homens à unidade (transformando-os em embaixadores do céu).                  


3 – O Evangelho é Supracultural


A – O Evangelho está Acima dos Usos e Costumes Humanos!


Ele disse: “Deus é espírito”. Com esta sentença, Ele afirmava que Deus não estava sujeito às estruturas, as formas, aos tipos, as cores, aos ritos, aos costumes ou a qualquer outro tipo de capricho humano. Segundo Champlin, o fato de Deus, conforme citação de seu Filho, “não possuir corpo físico, subtende, sim, até mesmo requer, que ele seja adorado de maneira não corpórea (não quero dizer com esta citação fora do corpo e sim sem a necessidade de estruturas humanas)”. Jesus descortinava diante daquela mulher uma verdade sempre presente nas Escrituras, mas até então mal compreendida pelos homens, uma realidade espiritual que estava acima de todas as culturas, um Evangelho supracultural.


     Com esta belíssima declaração, Jesus procurou retirar do homem toda reserva cultural que tanto o afligia, direcionando de uma vez por todas o foco de nosso verdadeiro ataque, o qual não poderia ser melhor definido se não nas palavras inspiradas do Apóstolo Paulo, “porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (Ef 6.12). E trazia, segundo Bosch, os outrora não-humanos samaritanos a romper com o fundamentalismo judaico tradicional. Saciava dentro do homem, a sede do ser.

     B – O Evangelho como Destruidor das Barreiras Culturais


A última resposta dada pela mulher samaritana em nada tem haver com as primeiras. Ela não foi evasiva ou procurou desviar o foco da conversa através de seu sarcasmo. Mas, conforme Jesus pretendia desde o princípio, ela desvendara algo de melhor que havia em seu ser, e, numa resposta que denota uma profunda reflexão mística e religiosa em tudo quanto vinha sendo exposto por Jesus, ela replica: “Eu sei, que há de vir o Messias, chamado Cristo, quando ele vier, nos anunciará todas as coisas” (V 25).     Este “nos anunciará”, plural, que englobava nas palavras da própria samaritana até os inditosos judeus (pelo menos até agora), já nos descortina algo que fluía desde o mais profundo do seu ser, algo que denotava uma transformação não antes possível à mente mais otimista, um homem, enviado pelo Deus Todo Poderoso, que, até aos olhos da sectária samaritana, poderia por termo a esta nefasta barreira que os separava.
    

     C – A Importância da Aplicação do Conhecimento Cultural na Comunicação do evangelho


É fato conhecido que a adoração samaritana baseava-se tão somente na Torá, o conjunto de cinco Livros da Lei judaica escritos por Moisés. Jesus sabia que a mulher que conversava com Ele, e que ansiava pela revelação do Messias, conhecia muito bem cada sentença contida em cada um daqueles livros, principalmente as que faziam menção ao tão conhecido diálogo entre Jeová e Moisés, quando este era comissionado a libertar o povo das mãos de Faraó. 


Assim, numa sentença que serviu como um divisor de águas na vida daquela humilde mulher, Jesus, em alusão à resposta dada por Deus em referência a sua identidade indagada por Moisés, asseverou nas mesmas palavras tão caras ao coração daquela mulher: “Eu Sou, eu que falo contigo” (V 26).  Segundo Timóteo Carriker, a utilização por parte de Jesus do nome “Eu Sou”, sugere uma presença salvífica que, no próprio nome, Jesus pode ousar e aceitar em usar como dele próprio”.

     D – A Perfeita Adaptação da Mensagem, O Ouvinte como Comunicador


Diante disso, a reação da samaritana esboçada num misto de espanto e alegria estampados em seu rosto pálido era algo tão patente, que os discípulos que acabavam de voltar de sua épica viagem a Sicar, não ousaram perguntar o que estava acontecendo, embora estivessem espantados de Jesus estar conversando com uma mulher, “e pior” samaritana.


A mulher, maravilhada com o que se realizara em sua vida (graças ao Evangelho contextualizado pregado por Jesus), abandonou o seu cântaro junto à fonte, e a plenos pulmões voltou a Sicar, gritando a quem encontrava pelo caminho, “Vinde comigo e vede um homem que me disse tudo quanto tinha feito. Será este, por ventura, o Cristo? Saíram, pois, da cidade e vieram ter com ele” (v 29-30).


[1] Cosmovisão é um conjunto de suposições e crenças que alguém usa para interpretar e formar opiniões acerca da sua humanidade, propósito de vida, deveres no mundo, responsabilidades para com a família, interpretação da verdade, questões sociais, etc
[2] No sentido de perder o foco do Evangelho com discussões que em nada somam a vida das pessoas e ao Reino de Deus. Mas que apenas insuflam o ego.