3ª
Parte
Compreendendo
o Propósito de Cristo
1 –
Porque Viajar por Território Samaritano, e Quanto a Sicar?
Neste ponto,
gostaria de abrir um pequeno parêntese e comentar um pouco da intenção de Jesus
em enviar os discípulos a Sicar. O mesmo orgulho que precisava ser trabalhado
na vida da samaritana, precisava também ser arraigado da vida dos próprios
discípulos.
Assim, Jesus,
entrevendo o que aconteceria numa exótica visita destes a uma cidade
samaritana, sem delongas, os enviou. Imaginemos a cena dos discípulos numa das
“bodegas” samaritanas tendo que conversar com o comerciante? Imagine ainda os
semblantes de ambos, judeus e samaritanos, se entreolhando pelas ruas
empoeiradas da humilde cidade? Não seria preciso tanta imaginação para
divisarmos os semblantes carregados num misto de reserva e repulsa, que os
impelia a, o quanto antes, deixar aquela inditosa cidade e retornar,
“incontaminados”, a presença do Mestre.
A
– A Verdadeira Postura de Um Cristão Frente ao Campo Missionário
O fato é que,
enfim, eles retornaram: “Nesse ínterim,
os discípulos lhe rogavam dizendo: Mestre, come! Mas ele lhes disse: Uma comida
tenho para comer, que vós não conheceis. Diziam, então, os discípulos uns aos
outros: Ter-lhe-ia, porventura, alguém trazido o que comer?” (V 31-33).
Jesus, através da visita realizada pelos
discípulos, procurava “abrir-lhes os olhos” para necessidade de perceberem seu
ministério transcultural. Queria fazer com que os mesmos percebessem nos
samaritanos, vidas que precisavam das Boas Novas trazidas pelo Mestre, todavia,
eles não compreenderam esta sublime verdade, que como sempre, estava sendo
ensinada por Jesus nas entrelinhas de sua vida cotidiana. Com as palavras “uma
comida tenho para comer, que vós não conheceis” em resposta a pergunta feita
pelos discípulos, Jesus nos deixa isto muito claro. Poderíamos conjecturar as
palavras de Jesus: “vocês ainda não
conhecem minhas verdadeiras necessidades, o teor da minha missão”.
Ora, conforme percebemos em toda narrativa
a respeito da missão do Cristo, a ambição deste sempre foi cumprir sua missão
pré-estabelecida pelo Deus Pai, a qual seja se revelar ao homem conduzindo-o a
reconciliação eterna. Observe: “A minha comida consiste em fazer a vontade
daquele que me enviou e realizar a sua obra”. E, nesta obra de restaurar o
homem a presença de Deus, os samaritanos, sim, “até eles”, para espanto dos
judeus, estavam também inclusos. Algo que foi poderosamente expressado pelo
Senhor Jesus num dos exemplos mais bonitos de toda a narrativa bíblica.
B
– O Ponto de Pior Compreensão da Igreja!
Lembre-se que a mulher samaritana tinha
abandonado o cântaro e corrido para anunciar aos seus conterrâneos o encontro
que tivera com o Cristo, pois é ela tinha logrado êxito em seu “frenético
evangelismo” e uma multidão a acompanhava para ver de fato o que estava
acontecendo[1].
É neste ponto que Jesus reúne os discípulos em torno de si e nos dá um profundo
exemplo da importância contextual do Evangelho para sua perfeita compreensão: “Não dizeis vós que ainda há quatro meses até
à ceifa? Eu, porém, vos digo: erguei os olhos e vede os campos, pois, já
branquejam para a ceifa” (V35).
Os samaritanos, vindo ter com Jesus, no
movimento natural do caminhar, mais pareciam com um campo de trigo quando
açoitado pelo vento. Jesus se utilizou desta semelhança para criar uma ponte
que melhor permitisse aos discípulos compreender o que Ele estava dizendo.
Ele dizia,
Levantai os vossos olhos, olhem para os samaritanos que caminham até nós, vocês
não dizem que eles não estão maduros (não são dignos) para o Reino de Deus, eis
que Eu vos digo, observem melhor, pois, os campos (os samaritanos) já
branquejam para ceifa (procuram desesperadamente a salvação).
Que exemplo
belíssimo! Agora eles entendiam o por que de viajar por caminho, outrora, tão
inditoso; entendiam o porque do convívio provocado por Jesus quando os enviou a
Sicar; entendiam porque Jesus, para escândalo de qualquer “Rabino”, estava
conversando com uma mulher samaritana. A resposta agora era óbvia: Os samaritanos também faziam parte do Reino
de Deus!
C –
O Resultado de um
Evangelismo Contextualizado
Nos
versículos que seguem (36-38) o Senhor continua por ensinar a matemática da
ceifa, os trabalhos realizados pelo que lança semente (evangeliza em solo ainda
não semeado) e do colhe o fruto de seu trabalho (aquele que acolhe os que
reconhecem a Jesus como Senhor) mostrando que tanto um como o outro, entesouram
para a vida eterna. No caso, a samaritana havia plantado, e dentro em breve,
eles estariam colhendo. Isto sim é uma
aula de cristianismo!
“Muitos
samaritanos daquela cidade creram nele” (V41). Tanto o testemunho da
mulher, como o convívio com Jesus e os discípulos, agora sim comunicadores,
contribuíram para que muitos recebessem a Cristo como Salvador e tivessem suas
vidas transformadas sem prejuízo algum a sua raça, a sua história, a sua
cultura. O que prova que não é o evangelista que “retira as arestas” e sim a
Palavra de Deus no trabalhar do Espírito Santo.
E Agora,
Qual Será sua Postura Frente à Obra de Evangelização/Missionária?
Consideração
Finais
Não restam dúvidas quanto à urgência de se
comunicar a todas as etnias um evangelho verdadeiramente pertinente e
significativo. Contudo, assim como ocorria com os discípulos que não
compreendiam o amor que Deus sentia pelos samaritanos, também agora o povo de
Deus tem evitado “passar por território samaritano” e com isso a causa de
missões tem perecido. Nossa intenção é
levantar um povo cada vez mais parecido com Jesus, um povo amante dos perdidos,
daqueles que vivem num mundo de trevas destituídos do evangelho santíssimo.
Entretanto, a luta tem sido árdua, são muitas as dificuldades e, como fora
dito, o campo é enorme e “branqueja para ceifa”. Portanto, que todos nós, ao
término de mais este estudo, possamos parar um pouco em nossa vida e em nossos
próprios projetos, para ouvirmos uma voz que continua a clamar:
Is 6.8b
Juntem-se a nossa igreja em
resposta, nós já ouvimos essa voz...
[1] Todos
somos salvos para salvar, quem não se compromete com a causa missionária deve
urgentemente repensar sua salvação.
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