sexta-feira, 19 de outubro de 2012

EVOLUCIONISMO CULTURAL, Celso Castro


EVOLUCIONISMO CULTURAL

Uma breve biografia dos principais autores:
 
LEWIS MORGAN

     Nasceu em 1918 em Nova Iorque. Profundo conhecedor das tribos iroqueses, estudou-as profundamente. Sua especialidade fora “parentesco”, com o livro “Sistemas de consangüinidade e afinidade da família humana” o maior e mais caro livro até então publicado pela Smithsonian Institution. Morgan chegou ã conclusão de que havia apenas dois sistemas de terminologia de parentesco, fundamentalmente diferentes: um descritivo (do hemisfério sul, tropical e claramente não-europeu) e outro classificatório (da Europa e do noroeste asiático).

Depois publica o “Castor americano e suas obras”. Contudo, seu opúsculo fora “Sociedade Antiga”, No livro, Morgan estudou os estágios de progresso da sociedade humana através da análise de cinco casos exemplares: os aborígines australianos, os índios iroqueses, os astecas, os gregos e os romanos. O desenvolvimento da idéia de propriedade teria sido, na interpretação de Morgan, o processo decisivo para o surgimento da civilização. Com o livro, Morgan tornou-se internacionalmente conhecido (embora também bastante criticado) e o principal expoente da antropologia nos Estados Unidos. Toda uma geração de jovens interessados na disciplina passou a procurá-lo em sua casa em Rochester. Este livro que influenciou profundamente Marx e Engels. Morreu em 1881.

EDWARD BURNETT TYLOR

     Pai do conceito moderno de cultura e do conceito de anima na natureza. Nasceu em 1832. O primeiro livro publicado pelo mesmo fora Anahuac: ou, México, antigo e moderno. Depois publicou Pesquisas sobre a antiga história da humanidade e o desenvolvimento da civilização. Sua obra principal fora “Cultura Primitiva: pesquisa sobre o desenvolvimento da mitologia, religião, linguagem, arte e cultura”.

Tylor é por muitos considerado o pai da antropologia cultural por ter dado pela primeira vez uma definição formal de cultura, na frase que abre Cultura primitiva — cujo primeiro capítulo, "A ciência da cultura", foi incluído nesta coletânea: "Cultura ou Civilização, tomada em seu mais amplo sentido etnográfico, é aquele todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem na condição de membro da sociedade."

Em 1883, após terem sido feitas reformas universitárias na Grã-Bretanha, Tylor afinal pôde ser nomeado para um cargo público, tornando-se conservador (Keeper) do museu da Universidade de Oxford (atualmente, Museu Pitt-Rivers). Já era considerado a maior autoridade britânica em antropologia, razão pela qual tornou-se, no ano seguinte, o primeiro presidente da recém-criada Seção Antropológica da BAAS. Foi também, por duas vezes, presidente do Royal Anthropological Institute. Ainda em 1884, tornou-se o primeiro Leitor (.Reader) de Antropologia de Oxford e da Grã-Bretanha, e em 1896, Professor, o grau mais elevado da vida acadêmica britânica (equivalente ao professor titular no Brasil).

Foi tido como o maior antropólogo inglês, vindo a receber o título de “Sir”. Morreu em 1917 aos 84 anos.

JAMES GEORGE FRASER


     Nasceu na Escócia em 1854, estudou na Universidade de Glasgow, mudando-se depois para o Trinity College em Cambridge do qual jamais se desligou por toda a vida – o mesmo fora bolsista vitalício sem ônus. O mesmo fora um profundo conhecedor dos clássicos gregos e latinos, conhecendo os mesmos no original. Sua maior obra fora o “Ramo de Ouro”. O mesmo foi o primeiro acadêmico da antropologia a ocupar uma cátedra universitária – Universidade de Liverpool. Morreu em 1931, após receber o título honoris causa da Sorbone. Em 1922, iniciaram-se as Frazer Lectures [Conferências Frazer], realizadas anualmente até hoje, num regime de rodízio, pelas universidades de Glasgow, Cambridge, Oxford e Liverpool, com a participação dos antropólogos mais eminentes.

     Aqui um pequeno trecho do Ramo de Ouro:

Através de uma aplicação do método comparativo, creio poder demonstrar ser provável que o sacerdote representou em sua pessoa o deus do bosque — Virbius — e que seu sacrifício foi visto como a morte do deus. Isso levanta a questão sobre o significado do difundido costume de se matar homens e animais vistos como divinos... O Ramo de Ouro, creio poder demonstrar, era o visco, e toda a lenda pode, creio, ser posta em conexão, por um lado, com a reverência druídica pelo visco e os sacrifícios humanos que acompanhavam seu culto; e, por outro lado, com a lenda nórdica da morte de Balder. O que quer que se pense das teorias [do livro] descobrirão que ele contém um grande estoque de costumes muito curiosos, muitos dos quais podem ser novidade mesmo para antropólogos reconhecidos. A semelhança de muitos desses costumes e idéias selvagens com as doutrinas fundamentais da Cristandade é admirável. Mas não faço referência a esse paralelismo, deixando que meus leitores tirem suas próprias conclusões, de uma maneira ou de outra.

     Sua última obra fora Folclore no Antigo Testamento, publicado em 1918.

TEORIA EVOLUCIONISTA

O postulado básico do evolucionismo em sua fase clássica era, portanto, que, em todas as partes do mundo, a sociedade humana teria se desenvolvido em estágios sucessivos e obrigatórios, numa trajetória basicamente unilinear e ascendente. A possibilidade lógica oposta, de que teria havido uma degenera- ção ou decadência a partir de um estado superior — idéia que tinha por base uma interpretação bíblica — precisava ser descartada, como se poderá ver nos textos aqui reunidos. Toda a humanidade deveria passar pelos mesmos estágios, seguindo uma direção que ia do mais simples ao mais complexo, do mais indiferenciado ao mais diferenciado.

O caminho da evolução seria, nas palavras de Morgan, natural e necessário: "Como a humanidade foi uma só na origem, sua trajetória tem sido essencialmente uma, seguindo por canais diferentes, mas uniformes, em todos os continentes, e muito semelhantes em todas as tribos e nações da humanidade que se encontram no mesmo status de desenvolvimento."

Como decorrência da visão de um único caminho evolutivo humano, os povos "não-ocidentais", "selvagens" ou "tradicionais" existentes no mundo contemporâneo eram vistos como uma espécie de "museu vivo" da história humana — representantes de etapas anteriores da trajetória universal do homem rumo à condição dos povos mais "avançados"; como exemplos vivos daquilo "que já fomos um dia". Para Frazer, "o selvagem é um documento humano, um registro dos esforços do homem para se elevar acima do nível da besta".

Os pressupostos evolucionistas foram muito criticados, nas duas primeiras décadas do século XX, por antropólogos que preferiam explicar a questão da diversidade cultural humana através da idéia de difusão, e não da de evolução. Para a chamada escola difusionista, a ocorrência de elementos culturais semelhantes em duas regiões geograficamente afastadasdas não seria prova da existência de um único e mesmo caminho evolutivo, como pensavam os evolucionistas; o pressuposto difusionista, diante do mesmo fato, era que deveria ter ocorrido a difusão de elementos culturais entre esses mesmos lugares (por comércio, guerra, viagens ou quaisquer outros meios).

Nenhum comentário: