quarta-feira, 6 de junho de 2012

UM OLHAR SOBRE HUDSON TAYLOR

James Hudson Taylor, nasceu em 1832, na cidade de Barnsley, em Yorkshire, na Inglaterra. Era de família metodista, e recebeu muita influência espiritual de seus pais e avós, bem como seus irmãos William e Amélia. Seu pai, um farmacista, sempre teve preocupação com a condição espiritual da China, e sempre que tinha oportunidade, realizava reuniões especiais para discutir como poderia ajudar aquele tão grande país.                                                     
Quando Hudson tinha apenas cinco anos, ele disse ao seu pai: “Quando eu crescer serei um missionário na China”. Apesar desta afirmação, os anos de adolescência de Hudson foram conturbados, e as influências de amigos não lhe ajudaram. Porém, sua mãe e irmã não cessavam de interceder por ele.        

Conversão e Chamada

Em junho de 1849, aos dezessete anos, ao ler um folheto escrito pelo seu pai acerca da obra de Cristo, Hudson compreendeu o plano da salvação, e como resultado, entregou sua vida a Jesus. Neste mesmo ano, sentiu a chamada do Senhor para trabalhar como missionário na China. Ao dizer sim à chamada, começou a se preparar em todos os aspectos de sua vida, a fim de atingir o objetivo de evangelizar a China. Logo começou a aprender o Mandarim através de uma cópia do Evangelho de Lucas. Hudson também soube da grande necessidade de médicos na China, e assim começou a estudar medicina, a fim de estar preparado para o campo em que iria trabalhar.                                                                                                          
Seu treinamento médico começou na cidade de Hull e continuou em Londres. Além disso, estudou Teologia, Latim e Grego. Por saber que deveria depender totalmente de Deus para o seu sustento diário na China, Hudson muitas vezes colocava-se em situações para provar sua própria fidelidade e confiança em Deus. Enquanto estava em Hull, vivia basicamente se alimentando de aveia e arroz, e grande parte do seu salário ofertava para a obra do Senhor. Um certo dia, quando evangelizava os pobres, um certo homem lhe pediu que fosse orar por sua esposa que estava morrendo em casa. Ao chegar ali, viu uma casa cheia de crianças passando fome, e a mãe que estava muito enferma. Compadecido daquela situação, depois de orar, tirou do seu bolso a única moeda que tinha, o sustento da semana, e ofereceu ao casal. Milagrosamente, naquele mesmo dia, alguém lhe procurou e trouxe um envelope cheio de dinheiro. Esta experiência ensinou a Hudson Taylor que Deus era o seu provedor. 

Partida Para China

No dia 19 de setembro de 1853, com 21 anos, e associado à Sociedade de Evangelização Chinesa, Hudson Taylor partiu para a China a bordo do navio de carga chamado Dumfries. Após seis longos meses de viagem com intempéries e perigos de morte, ele chega finalmente em Xangai. Ao juntar-se com outros missionários ingleses, residentes daquela mesma cidade, Hudson notou a grande deficiência da evangelização no interior do país. Nesta época, a China estava passando por momentos tumultuosos, e Xangai havia sido tomada por rebeldes. Por isso, todos os missionários estavam nas cidades da costa, e envolvidos mais com o comércio e a política externa, do que verdadeiramente com a evangelização da nação.                                                                                                                      
Ponderando tudo isso em seu coração, Hudson decidiu que haveria de trabalhar no interior da China, onde o evangelho não tinha sido levado. Assim, ele começou o seu trabalho distribuindo literatura e porções bíblicas para as vilas ao redor de Xangai, sendo uma delas Sungkiang. Ao estar no meio do povo, ele notou como as pessoas o olhavam diferente por causa de sua roupa ocidental. Sendo assim, ele decidiu adotar os costumes da terra, vestindo-se como um chinês, deixando seu cabelo crescer e fazendo uma trança, como os outros chineses. Este ato conquistou o respeito de muitos chineses, porém, para os missionários ocidentais, uma falta de senso.                                                                                                                    
Em 1856, Hudson começou a trabalhar na cidade proeminente de Ningpo. Ali, se casou em janeiro de 1858 com a senhorita Maria J. Dyer, filha de missionários, porém orfã, que trabalhava numa escola para meninas. Um ano depois, Hudson assumiu a direção da Missão Hospitalar de Londres em Ningpo. Não só Deus o prosperou, como muitos dos doentes aceitaram a Jesus e se recuperaram de suas enfermidades. Ele começou a orar por mais missionários para o país.

Volta à Inglaterra

Depois de estar sete anos na China, Hudson regressou à Inglaterra por motivos de saúde. Ao partir em 1860 para a Inglaterra, não imaginava que estaria seis anos longe do campo. Apesar da distância, o seu coração estava ligado à China. De frente a um mapa da nação, todos os dias ele orava, pedindo que Deus enviasse pessoas dispostas a ganhar as almas chinesas. Juntamente com o Sr. F. Gough, Hudson fez a revisão do Novo Testamento para o chinês e escreveu vários artigos sobre as missões na China. 

Os Anos de Provação

Ao recrutar alguns missionários, Taylor viu a necessidade de ter uma missão que suportasse e direcionasse esses novos missionários no interior da China. Para este fim, é que a “Missão para o Interior da China” foi fundada. Durante o tempo que esteve na Inglaterra, enviou cinco obreiros para a China, e em 1864, Hudson pediu a Deus 24 missionários, dois para cada província já evangelizada no interior e dois para a Mongólia. Deus assim cumpriu o seu desejo, e em 26 de maio de 1866, Hudson e Maria, seus quatro filhos e os 24 missionários estavam embarcando no navio Lammermuir em direção à China.           Estabelecidos em Ningpo e em Hangchow, o trabalho missionário começou a se expandir para o sul da província de Chekiang. Dez anos depois, o norte de Kiangsu, o oeste de Anhwei e o sudeste de Kiangsi tinham sido alcançados.                                                                                                                        
Em um período de três anos, Hudson sofreu a perda de sua filha mais velha Gracie, seu filho Samuel, seu filho recém-nascido, e em julho de 1870, sua esposa também morre de cólera. Mesmo passando por este vale, Hudson Taylor não desistiu de sua chamada para a grande China.

Novos Horizontes

Em 1871, quando voltava para visitar o restante de seus filhos que haviam sido enviados à Inglaterra, Taylor teve a oportunidade de viajar com uma grande amiga e missionária na China, Jennie Faulding, com a qual se casou em 1872 na Inglaterra. Entre 1876 e 1878 muitos outros missionários vieram dar o seu apoio no campo, vindos de todas as partes do mundo. Hudson esteve por alguns meses acometido de uma enfermidade na coluna, a qual o paralisou, porém, ainda na cama, ele conseguiu enviar dezoito novos missionários para a China. Milagrosamente, depois de muitas orações, Deus o curou e ele voltou a caminhar com saúde completa.                                                                                                                                            
Em 1882, Hudson orou ao Senhor por 70 missionários, e fielmente Deus proveu os missionários e o suporte para cada um deles. Em 1886, Hudson toma outro passo de fé, e pede ao Senhor 100 missionários. Milagrosamente, 600 candidatos se escreveram vindos da Inglaterra, da Escócia e da Irlanda, se prontificando para o trabalho. Em novembro de 1887, Hudson anuncia alegremente a partida dos cem missionários para a China.                                           
O trabalho da Missão se espalhou por todo o interior do país, segundo o desejo de Hudson Taylor, e no final do século, metade de todos os missionários evangélicos do país estavam ligados à Missão.                                                                                                                
Em outubro de 1888, depois de haver visitado os Estados Unidos e Canadá, Hudson parte mais uma vez em direção à China, acompanhado de sua esposa e mais 14 missionários. Durante os próximos quinze anos, Hudson dispendeu o seu tempo visitando a América, Europa e Oceania, recrutando missionários para China. O desafio agora não era apenas de cem, mas de mil missionários.        

Sua Última Viagem

Em abril de 1905, com 73 anos, Hudson Taylor faz a sua última viagem à China. Sua esposa Jennie havia falecido, e ele tinha passado o inverno na Suécia. Seu filho Howard, que era médico, juntamente com sua esposa, decidiram acompanhar Hudson nesta viagem. Ao chegar em Xangai, ele visita o cemitério de Yangchow, onde sua esposa Maria e quatro de seus filhos foram sepultados, durante o seu trabalho naquele grande país. Após haver percorrido todos as missões estabelecidas pela sua pessoa, Hudson Taylor, estabelecido agora na cidade de Changsa, deitou-se numa tarde de 1905 para descansar, e deste sono acordou nas mansões celestiais.                                                            
A voz que cinquenta e dois anos atrás havia dito a Hudson Taylor: “Vai à China”, agora estava dizendo: “Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco fostes fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor!

                                                             Fonte: http://www.sepoangol.org/hudson.htm

quinta-feira, 8 de março de 2012

LIVRO ETNOCENTRISMO, COMENTÁRIO DO PRIMEIRO CAPÍTULO

O QUE É ETNOCENTRISMO


Comentário a respeito do 1º Capítulo:

Pensando em Partir

"Etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc."


Segundo Everardo Guimarães, autor deste opúsculo que há muito tempo vem definindo na academia o que vem a ser etnocentrismo, "perguntar sobre o que é etnocentrismo é, pois, indagar sobre um fenômeno onde se misturam tanto elementos intelectuais e racionais quanto elementos emocionais e afetivos."


Segundo ele, falar sobre etnocentrismo seria falar sobre nós mesmos, uma vez que, "no etnocentrismo, estes dois planos do espírito humano – sentimento e pensamento – vão juntos compondo um fenômeno não apenas fortemente arraigado na história das sociedades como também facilmente encontrável no dia-a-dia das nossas vidas."

Todos os seres humanos são etnocêntricos, todos nós valorizamos a nossa cultura em detrimento das demais. A diferença é que isso é mais forte em algumas pessoas. O objetivo da análise em tese, é fazer com que aqueles que se vêem mais etnocêntricos venham angariar recursos para trabalharem esta possível "falha" em seu comportamento. Tal entendimento, nas palavras de Guimarães fica assim exposto: 


"Assim, a colocação central sobre o etnocentrismo pode ser expressa como a procura de sabermos os mecanismos, as formas, os caminhos e razões, enfim, pelos quais tantas e tão profundas distorções se perpetuam nas emoções, pensamentos, imagens e representações que fazemos da vida daqueles que são diferentes de nós. Este problema não é exclusivo de uma determinada época nem de uma única sociedade. Talvez o etnocentrismo seja, dentre os fatos humanos, um daqueles de mais unanimidade."

No que diz respeito a comunicação do Evangelho - que é o que nos interessa aqui - O estudo do etnocentrismo nos ajuda a entender a profundidade e toda a extensão do que vem a ser o "choque cultural" sentido pelos missionários transculturais quando estes chegam a seus respectivos campos de origem. Esta barreira a ser transposta pelos nossos bravos comunicadores se dá, conforme o texto, da seguinte forma. "De um lado, conhecemos um grupo do “eu”, o “nosso” grupo, que come igual, veste igual, gosta de coisas parecidas, conhece problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos deuses, casa igual, mora no mesmo estilo, distribui o poder da mesma forma, empresta à vida significados em comum e procede, por muitas maneiras, semelhantemente. Aí, então, de repente, nos deparamos com um “outro”, o grupo do “diferente” que, às vezes, nem sequer faz coisas como as nossas ou quando as faz é de forma tal que não reconhecemos como possíveis. E, mais grave ainda, este “outro” também sobrevive à sua maneira, gosta dela, também está no mundo e, ainda que diferente, também existe."

Segundo o autor é justamente este choque o gerador do etnocentrismo. O momento em que ocorre a constatação das diferenças. 


Nas palavras do próprio Guimarães:

"O grupo do “eu” faz, então, da sua visão a única possível ou, mais discretamente se for o caso, a melhor, a natural, a superior, a certa. O grupo do “outro” fica, nessa lógica, como sendo engraçado, absurdo, anormal ou ininteligível. Este processo resulta num considerável reforço da identidade do “nosso” grupo. No limite, algumas sociedades chamam-se por nomes que querem dizer “perfeitos”, “excelentes” ou, muito simplesmente, “ser humano” e ao “outro”, ao estrangeiro, chamam, por vezes, de “macacos da terra” ou “ovos de piolho”. De qualquer forma, a sociedade do “eu” é a melhor, a superior. representada como o espaço da cultura e da civilização por excelência. É onde existe o saber, o trabalho, o progresso. A sociedade do “outro” é atrasada. E o espaço da natureza. São os selvagens, os bárbaros. São qualquer coisa menos humanos, pois, estes somos nós. O barbarismo evoca a confusão, a desarticulação, a desordem.

O selvagem é o que vem da floresta, da selva que lembra, de alguma maneira, a vida animal. O “outro” é o “aquém” ou o “além”, nunca o “igual” ao “eu”.

O que importa realmente, neste conjunto de idéias, é o fato de que, no etnocentrismo, uma mesma atitude informa os diferentes grupos. O etnocentrismo não é propriedade, como já disse, de uma única sociedade, apesar de que, na nossa, revestiu-se de um caráter ativista e colonizador com os mais diferentes empreendimentos de conquista e destruição de outros povos."

Um exemplo encontrado no livro nos exemplifica o que estamos tratando de maneira muito clara:

"Ao receber a missão de ir pregar junto aos selvagens um pastor se preparou durante dias para vir ao Brasil e iniciar no Xingu seu trabalho de evangelização e catequese. Muito generoso, comprou para os selvagens contas, espelhos, pentes, etc.; modesto, comprou para si próprio apenas um moderníssimo relógio digital capaz de acender luzes, alarmes, fazer contas, marcar segundos, cronometrar e até dizer a hora sempre absolutamente certa, infalível. Ao chegar, venceu as burocracias inevitáveis e, após alguns meses, encontrava-se em meio às sociedades tribais do Xingu distribuindo seus presentes e sua doutrinação. Tempos depois, fez-se amigo de um índio muito jovem que o acompanhava a todos os lugares de sua pregação e mostrava-se admirado de muitas coisas, especialmente, do barulhento, colorido e estranho objeto que o pastor trazia no pulso e consultava freqüentemente. Um dia, por fim, vencido por insistentes pedidos, o pastor perdeu seu relógio dando-o, meio sem jeito e a contragosto, ao jovem índio.


 A surpresa maior estava, porém, por vir. Dias depois, o índio chamou-o apressadamente para mostrar-lhe, muito feliz, seu trabalho. Apontando seguidamente o galho superior de uma árvore altíssima nas cercanias da aldeia, o índio fez o pastor divisar, não sem dificuldade, um belo ornamento de penas e contas multicolores tendo no centro o relógio. O índio queria que o pastor compartilhasse a alegria da beleza transmitida por aquele novo e interessante objeto. Quase indistinguível em meio às penas e contas e, ainda por cima, pendurado a vários metros de altura, o relógio, agora mínimo e sem nenhuma função, contemplava o sorriso inevitavelmente amarelo no roso do pastor. Fora-se o relógio.

Passados mais alguns meses o pastor também se foi de volta para casa. Sua tarefa seguinte era entregar aos superiores seus relatórios e, naquela manhã, dar uma última revisada na comunicação que iria fazer em seguida aos seus colegas em congresso sobre evangelização. Seu tema: “A catequese e os selvagens”. Levantou-se, deu uma olhada no relógio novo, quinze para as dez. Era hora de ir. Como que buscando uma inspiração de última hora examinou detalhadamente as paredes do seu escritório. Nelas, arcos, flechas, tacapes, bordunas, cocares, e até uma flauta formavam uma bela decoração. Rústica e sóbria ao mesmo tempo, trazia-lhe estranhas lembranças. Com o pé na porta ainda pensou e sorriu para si mesmo. Engraçado o que aquele índio foi fazer com o meu relógio."

Destarte, esta estória revela bem a questão de como nos vemos em relação ao outro. De per si, todos nós, indistintamente, e mesmo cordialmente, tendemos a valorizar o nosso comportamento em detrimento do nosso próximo. Se a comparação é feita entre culturas distintas, este "valorizar" é ainda maior e mais forte.


Um outro exmplo:

"...um famoso cientista do início do século, Hermann Von Ihering, diretor do Museu Paulista, justificava o extermínio dos índios Caingangue por serem um empecilho ao desenvolvimento e à colonização das regiões do sertão que eles habitavam. Tanto no presente como no passado, tanto aqui como em vários outros lugares, a lógica do extermínio regulou, infinitas vezes, as relações entre a chamada “civilização ocidental” e as sociedades tribais. Isso lembra o comentário, tristemente exemplar, de uma criança, de um grande centro urbano, que, de tanto ouvir absurdos sobre o índio, seja em casa, seja nos livros didáticos, seja na indústria cultural, acabou por defini-los dizendo: “o índio é o maior amigo do homem”."

Percebe-se, com mais este relato, que culturalmente o outro tem sido visto como inferior. Como bárbaro. E, as vezes, até como uma raça inferior - como O Filósofo Grego Aristóteles se referia aos negros. Acreditamos que o combate a esta prática grotesca que tem se perpetuado em nossos dias é o alvo central de todos quantos queiram ser verdadeiramente relevantes numa cultura diversa. Entender como o outro enxerga a sua própria cultura e, através desta visão - cosmovisão - comunicar as Boas Novas de grande salvação deve ser a santa ambição de todo missionário transcultural.

Com relação ao entender destas cultural por parte de quem observa, Everardo nos diz: 


"Aqueles que são diferentes do grupo do eu – os diversos “outros” deste mundo – por não poderem dizer algo de si mesmos, acabam representados pela ótica etnocêntrica e segundo as dinâmicas ideológicas de determinados momentos. Na nossa chamada “civilização ocidental”, nas sociedades complexas e industriais contemporâneas, existem diversos mecanismos de reforço para o seu estilo de vida através de representações negativas do “outro”. O caso dos índios brasileiros é bastante ilustrativo, pois alguns antropólogos estudiosos do assunto já identificaram determinadas visões básicas, determinados estereótipos, que são permanentemente aplicados a estes índios.

Eu mesmo realizei, há alguns anos, um estudo sobre as imagens do índio nos livros didáticos de História do Brasil. Estes livros têm importância fundamental na formação de uma imagem do índio, pois são lidos e, mais ainda, estudados por milhões de alunos pré-universitários nos mais diversos recantos do país. Alguns destes livros alcançam tiragens altíssimas e já tiveram mais de duzentas edições. Através deles circula um “saber” altamente etnocêntrico – honrosas exceções – sobre os índios. Os livros didáticos, em função mesmo do seu destino e de sua natureza, carregam um valor de autoridade, ocupam um lugar de supostos donos da verdade. Sua informação obtém este valor de verdade pelo simples fato de que quem sabe seu conteúdo passa nas provas. Nesse sentido, seu saber tende a ser visto como algo “rigoroso”, “sério” e “científico”. Os estudantes são testados, via de regra, em face do seu conteúdo, o que faz com que as informações neles contidas acabem se fixando no fundo da memória de todos nós. Com ela se fixam também imagens extremamente etnocêntricas."

Este exemplo trás a tona o descalabro que é hodiernamente preconizado em nossos livros e na produção cultural de muitos países do ocidente. Qual seja a desvalorização do outro. Fato que em muito tem concorrido para o etnocentrismo e não poucas "barbáries" que temos presenciado ao correr dos anos. A conclusão que nos leva a acreditar nisso vem do próprio autor que ora discutimos:
  
"Assim, como o “outro” é alguém calado, a quem não é permitido dizer de si mesmo, mera imagem sem voz, manipulado de acordo com desejos ideológicos, o índio é, para o livro didático, apenas uma forma vazia que empresta sentido ao mundo dos brancos. Em outras palavras, o índio é “alugado” na História do Brasil para aparecer por três vezes em três papéis diferentes.

O primeiro papel que o índio representa é no capítulo do descobrimento. Ali, ele aparece como “selvagem”, “primitivo”, “pré-histórico”, “antropófago”, etc. Isto era para mostrar o quanto os portugueses colonizadores eram “superiores” e “civilizados”. O segundo papel do índio é no capítulo da catequese. Nele o papel do índio é o de “criança”, “inocente”, “infantil”, “almas-virgens”, etc., para fazer parecer que os índios é que precisavam da “proteção” que a religião lhes queria impingir.

O terceiro papel é muito engraçado. E no capítulo “Etnia brasileira”. Se o índio já havia aparecido como “selvagem” ou “criança”, como iriam falar de um povo – o nosso – formado por portugueses, negros e “crianças” ou um povo formado por portugueses, negros e “selvagens”? Então aparece um novo papel e o índio, num passe da mágica etnocêntrica, vira “corajoso”, “altivo”, cheio de “amor à liberdade”."

Assim são as sutilezas, violências, persistências do que chamamos etnocentrismo.

Diante do exposto, entendemos que a revalorização da educação que leve em consideração a alteridade, que é marca que melhor conceitua a nossa nação, seria um dos dispositivos de combate a esta visão etnocêntrica que tem avassalado nossos livros e principalmente nossas mentes.


Um missionário etnocêntrico é uma arma que funciona poderosamente contra a expansão do Reino de Deus. Alguém que presta um de-serviço a obra missionária. Por isso entendemos que a leitura do livor em questão é ferramenta indispensável a todos quantos queiram ser verdadeiramente relevantes à expansão do Reino.


Recomendo!

ROCHA, Everardo P. Guimarães. O Que é Etnocentrismo – Ed. Brasiliense, 1988. PP 5-10.

segunda-feira, 5 de março de 2012

ANTROPOLOGIA, ALGUMAS SUGESTÕES PARA INICIANTES

Muitos estudantes de teologia e missiologia nos questionam acerca de bons livros para o início dos estudos antropológicos. Como a maioria deles estuda esta senda do conhecimento humano com vistas a comunicação do evangelho de Jesus Cristo, penso que as obras indicadas serviram para introdução a esta arte belíssima.

Que o Senhor da seara vos ilumine e boa leitura!

MISSIOLÓGICOS

PATE, Larry D. Missiologia / 5ª impressão 2002 Editora Vida; 1987.

CARRIKER, C. Timóteo. A Visão Missionária na Bíblia: Uma História de AmorViçosa, MG: Ultimato, 2005.

CARRIKER, C. Timóteo. O Caminho Missionário de Deus: Uma Teologia Bíblica de Missões / Ed Sepal, 2000.

PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões / Rio de Janeiro: CPAD, 2000.

PAULA, Oséas Macedo de. Manual de Missões / 1ª ed Rio de Janeiro: CPAD, 1997.

YORK, John V. Missões na Era do Espírito Santo / 1ª ed Rio de Janeiro: CPAD.

QUEIROZ, Edison. A Igreja Local e Missões / 5ª ed São Paulo: Vida Nova, 1998.

Congresso Brasileiro de Evangelização, Missão Integral 2: 2003 Belo Horizonte, MG : Visão Mundial, 2004.

RAMOS, Robson, 1955 – Evangelização no Mercado Pós-Moderno / Viçosa: Ultimato, 2003.

CUNHA, Maurício José Silva, 1970 – O Reino Entre Nós – Transformando Comunidades pelo Evangelho IntegralViçosa : Ultimato, 2003.

RICHARDSON, Don, 1935 – O Fator Melquisedeque: O Testemunho de Deus nas culturas através do mundo/ Trad. Neyd Siqueira – São Paulo: Vida Nova, 1995.


ANTROPOLÓGICOS

HESSELGRAVE, David J. A Comunicação Transcultural do Evangelho; Trad. Marcio loureiro RedondoSão Paulo: Vida Nova. Volumes 1,2 e 3. 1994.

HIEBERT, Paul G. O Evangelho e a Diversidade das Culturas, Um Guia de Antropologia Missionária / 1ª ed 1999 – Vida Nova, 2005.

BURNS, Bárbara H. Contextualização: a fiel comunicação do evangelho / Anápolis, GO: Transcultural, 2007.

KASER, Lothar. Diferentes Culturas: Uma introdução à etnologia / Londrina: Descoberta, 2004.

LIENEMANN-PERRIN, Christine. Missão e Diálogo Inter-Religioso; Trad. Walter O. Schulpp. – São Leopoldo: Sinodal; CEBI, 2005.

O Evangelho e a Cultura, Série Lausanne/ Realizada em Willowbank, Somerset Brdge, Bermudas, Entre 6 e 13 de Janeiro de 1978. Visão Mundial / ABU editora, 1991.

BOSCH, David. Missão Transformadora: mudanças de paradigma na teologia da missão/ Trad. Geraldo Korndorfer, Luis M. Sander – São Leopoldo, RS : EST, Sinodal, 2002.

BERNARDI, Bernardo. Introdução aos Estudos Etno-Antropológicos/ Trad. A.C. Mota da Silva, Revisão Artur Morão/ Edições 70, 1974.

RIVIÉRE, Claude. Introdução à Antropologia/ Trad. José Francisco Espadeiro Martins/ Edições 70, 1995.

LÉVI-STRAUSS, Claude. O Totemismo Hoje/ Trad. José Antônio Braga Fernandes/ Edições 70.

ELIADE, Mircea. O Sagrado e o Profano: a essência das religiões/ Trad. Rogério Fernades, 2ª ed. – São Paulo: Martins Fontes, 2008.

ELIADE, Mircea. Mito e Realidade/ Trad. Póla Civelli – São Paulo: Perspectiva, 2007. (Coleção debates, 52/ dirigida por J. Guinsburg).
LAPLANTINE, François. Aprender Antropologia. Editora Brasiliense – 8ª Ed. Trad. Marie-Agnés chauvel. SP 1994.

LARAIA, Roque Barros Cultura: um conceito antropológico – 23ª Ed – Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

ROBINSON CAVALVANTI, UM TRIBUTO

"Não sabeis que, hoje, caiu em Israel um príncipe e um grande homem?" II Sm 3.38b


Foi com imenso pesar que ontem à noite, ao longo de uma de nossas aulas no seminário recebi uma triste notícia. Eu havia acabado de citar um velho e muito querido mentor, um companheiro de tempos outros, talvez um dos maiores pensadores que a igreja brasileira já possuiu em todos os tempos. Como sempre, a citação foi muito bem acolhida, e, instantaneamente, despertou nos alunos o desejo de saber quem havia burilado tão pertinente colocação. Foi aí, exatamente neste ponto, que aquela trágica informação atravessou meu coração como um relâmpago que subitamente singra o céu tempestuoso de inverno.

- Professor, disse alguém na sala.

- Este homem não morreu? Indagou.

-Não, lógico que não. Citei seu nome completo, e como de costume teci uma série de comentários elogiosos sobre este que tanto admirava. Entretanto, a resposta que obtive, me deixou ainda mais chocado.

- Sim professor, agora tenho certeza, não param de postar no facebook a respeito da morte deste pastor.

Meus irmãos, confesso que tive que me esforçar o máximo para não derramar todas as lágrimas possíveis naquele momento. Contudo, esforçando-me para calar o grito de dor que aquele momento era quase que incontrolável, perguntei:

- Como aconteceu?

Se eu ao menos vislumbrasse o que iria ouvir, talvez tivesse sido melhor não ter perguntado.

- Professor, respeitosamente disse alguém. - Ele fora esfaqueado pelo próprio filho!

Foi assim, tão furtivamente, que um velho guerreiro do Senhor tombou em batalha. O filho, até então o único suspeito de ter praticado o delito, era na verdade adotado e passara cerca de dezesseis anos nos EUA, estudando. Estas duas verdades, a respeito do garoto, já demonstram um pouco do caráter do velho que pela primeira vez me falou sobre um tal desconhecido, Rev. Dr. Martin Luther King Jr, isso, há muitos anos. Mas, quais verdades, primeiro, o garoto era adotado - o Bispo Robinson sempre acreditou no altruísmo, no amor, e no imenso poder que emana da segunda chance. Segundo, o rapaz estava nos EUA, estudando, - Robinson, sempre acreditou e defendeu a necessidade de uma boa educação. Digo que o emérito Bispo, havia tombado em batalha, porque fora na batalha de ajudar um ser humano - chamado carinhosamente de filho - que o mesmo veio a desfalecer mortalmente ferido. Assim morrem os valentes!

O Bispo Robinson e sua amada esposa Miriam Cotias Cavalcante - a qual também fora assassinada no mesmo instante - descansam em tenra paz nos braços do Rei dos Reis, triunfaram.

Não obstante, as marcas deixadas pela vida do Bispo Robinson em minha vida permaneceram por um pouco mais de tempo - enquanto houver ar em meus pulmões!

Como esquecer aquele belo dia - eu ainda não havia sido alcançado pela graça - em que um de meus melhores amigos me emprestou "A Utopia Possível", talvez o livro que melhor influenciou a minha vida e ministério. Depois dele, minha percepção de cristianismo mudou completamente. Fora com o Bispo, que aprendi que uma mente brilhante, pertinente e significativa não é em nada incompatível com o Reino de Deus, mas, pelo contrário, se tais características são regadas a um engajamento prático, isso é maravilhoso aos olhos do Senhor.

Depois da Utopia, já no seminário, descobri alguns outros livros maravilhosos do profeta anglicano - apaixonado pela história da igreja - que também me imbuíram da responsabilidade de amalgamar minha vida ao meu discurso, obrigando-me a viver uma "ortodoxia que manifestasse o frescor da atualidade".

Fora através da influência teórica de Robinson Cavalcante que eu mi vi apaixonado pela manifestação da glória de Deus até os confins da Terra, isso, como era de seu feitio, de uma maneira estritamente integral - "o evangelho todo para o homem todo." Fora este o seu legado nas mais relevantes revistas cristãs, nos mais importantes encontros globais para evangelização mundial, e em toda a influência que exerceu ao longo de toda a sua vida e ministério.

Robinson era um estadista do Reino, um destes que o mundo não era digno. Inteligente, destemido, militante, confiante, relevante, impactante. Sendo estas apenas algumas das características que encontrávamos, sem muito esforço, no caráter deste servo do Senhor.

Seja este o meu humilde tributo, velho amigo.

Existia muito mais que gostaria de deixar escrito aqui. Mas, prefiro homenageá-lo, agora, com aquilo que de você, ficou em mim!

"A esperança e a chama da fé, jamais se apagarão, enquanto jovens idealistas houver. E, de vasos de barro, o Senhor nos suscitar santos exemplos. Eu também tenho um sonho!"

Você me ajudou a ser um vazo de barro, um sonhador. Obrigado!

Até logo velho... espero ver-te em breve. Você era demais!

Pr. Jamerson Lopes do Nascimento

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

CULTURA: um conceito antropológico

LARAIA, Roque Barros Cultura: um conceito antropológico – 23ª Ed – Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.

I PARTE

1 – Determinismo Biológico

       Os antropólogos estão totalmente convencidos de que as diferenças genéticas não são determinantes das diferenças culturais. A espécie humana se diferencia anatômica e fisiologicamente através do diformismo sexual, mas é falso que as diferenças de comportamento existente entre pessoas de sexos diferentes sejam determinadas biologicamente.

      O comportamento dos indivíduos depende de um “aprendizado”, de um processo que chamamos de “endoculturação”. Um menino e uma menina agem diferentes não em razão de seus hormônios, mas em decorrência de uma educação diferenciada.

2 – Determinismo Geográfico

       O determinismo geográfico considera que as diferenças do ambiente físico condicionam a diversidade cultural. Os principais autores são: Pollio, Ibn Kaldhun, Bodin. Para eles a relação entre o clima, a fauna e a flora é que vão determinar a produção cultural.

    Em 1920, antropólogos como Boas, Wisler, Kroeber, refutaram este pensamento determinista e asseveraram que existe uma limitação na influência geográfica sobre fatores culturais. E mais, que é possível e comum existir uma grande diversidade cultural localizada em um mesmo ambiente físico.

3 – Antecedentes Históricos do Conceito de Cultura

          A primeira definição de cultura foi formulada por Edward Tylor (1832-1917). “Tomado em seu amplo sentido etnográfico é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”

           Após Tylor, tivemos John Locke que criticou duramente a tese que o homem possui uma herança cultural inata, asseverando que a mesma só fluiria da experiência. A seguir vieram James Turgot (1727-1781) e Jean-Jackes Rosseau (1712-1778) ambos atribuindo a fomentação de cultura a educação.

      Assim, o que de fato diferenciou o homem, dos demais animais, foi a possibilidade de comunicação oral e a capacidade de fabricação de instrumentos capazes de tornar mais eficiente seu aparato biológico.

4 – O Desenvolvimento do Conceito de Cultura

    Cultura era concebida de maneira uniforme, ou seja, as causas naturais e definidas determinavam o comportamento humano, de modo que a natureza humana podia ser estudada com grande precisão na comparação das raças do mesmo grau de civilização. Esta compreensão fora fortemente influenciada pelas ideias de Charles Darwin.

         Este pensamento fora duramente criticado por Stocking, por “deixar de lado toda questão do relativismo cultural e tornar impossível o moderno conceito de cultura”. O relativismo cultural não cabia na definição hora formulada, porque, asseverava a evolução multilinear. Ou seja, a diversidade cultural.

     A principal critica a ao evolucionismo unilinear (método comparativo), inicia-se com Franz Boas (1858-1949). Boas atribui a antropologia a execução de 2 tarefas:

       A -  A reconstrução da história dos povos ou regiões particulares,

    B – A comparação da vida social de diferentes povos, cujo desenvolvimento segue as mesmas leis.

       Boas desenvolveu o particularismo histórico (ou Escola Cultural Americana), segundo a qual cada cultura segue os seus próprios caminhos em função dos diferentes percursos históricos que enfrentou.

       Outro antropólogo da Escola Americana (Método Histórico) foi Alfred Kroeber (1876-1960), para ele graças a cultura a humanidade se distanciou do mundo animal. Mais do que isto, o homem passou a ser considerado um ser que está acima de suas limitações orgânicas. Para ele, a grande variedade na operação de um numero tão pequeno de funções (alimentação, sono, respiração, sexo) é que faz com que o homem seja considerado ser predominantemente cultural. Os seus comportamentos não são biologicamente determinados. Pelo fato de o homem ter evoluído, sem, no entanto, sofrer mutações biológicas, diz-se que o homem de certa forma libertou-se da natureza.

      “O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado. Ele é o herdeiro de um longo processo acumulativo, que reflete o conhecimento e a experiência adquiridas pelas numerosas gerações que o antecederam”

        A comunicação é um processo cultural. Explicitamente, a linguagem humana é um produto da cultura, mas não existiria cultura se o homem não tivesse a possibilidade de desenvolver um sistema articulado de comunicação oral.

5 – Idéia Sobre a Origem da Cultura

       Claude Lévy-Strauss, o mais destacado antropólogo francês, considera que acultura surgiu no momento em que o homem convencionou a primeira regra, a primeira norma. Esta seria a proibição do incesto.

6 – Teorias Modernas Sobre Cultura

       De acordo com Roger Keefing, a cultura pode ser como um “sistema adaptativo”. Seria uma visão neo-evolucionista. Método pouco utilizado.

        O método Keesing, também considera as teorias idealistas de cultura, as quais são:

    A – Cultura como Sistema Cognitivo – Consiste em tudo aquilo que alguém tem de conhecer ou acreditar para operar de maneira aceitável dentro de sua sociedade.

   B – Cultura como Sistema Estrutural – Perspectiva desenvolvida por Strauss, procura descobrir na estruturação dos domínios culturais – mito, arte, parentesco e linguagem – os princípios da mente que geram essas evoluções culturais.

      C – Cultura como Sistema Simbólico – Posição desenvolvida nos EUA, estudar a cultura é estudar um código de símbolos, partilhados pelos membros dessa cultura.

II Parte

COMO OPERA A CULTURA

1 – A Cultura Condiciona a Visão de Mundo do Homem

     O modo de ver o mundo, as apreciações, de ordem moral e valorativa, os diferentes comportamentos sociais e mesmo as posturas corporais são assim produtos de uma herança cultural, ou seja, o resultado de uma determinada cultura

     Indivíduos de culturas diferentes podem facilmente ser identificados por uma serie de características, tais como modo de agir, vestir, caminhar, comer, sem mencionar as evidencias linguísticas, o fato da mais imediata observação empírica.

       Etnocentrismo, consiste no fato do homem vê o mundo através de sua cultura, acreditando ser ela a mais correta e a mais natural.

2 – A Cultura Interfere no Plano Biológico

     Transformações e ritos culturais podem interferir significativamente sob um indivíduo. O banzo, por exemplo, é um poderoso exemplo de uma transformação cultural que interfere no plano biológico.

3 – Os Indivíduos Participam Diferentemente de sua Cultura

         Qualquer que seja a sociedade, não existe a possibilidade de um indivíduo dominar todos os aspectos de sua cultura. “Nenhum sistema de socialização é idealmente perfeito, em nenhuma sociedade são todos os indivíduos igualmente bem socializado”. Um indivíduo não pode ser igualmente familiarizado com todos os aspectos de sua sociedade, pelo contrário, ele poder ser completamente ignorante a respeito de alguns aspectos.

     O importante é que deve existir um mínimo de participação do indivíduo na pauta do conhecimento da cultura a fim de permitir a sua articulação com os demais membros da sociedade.

4 – A Cultura tem uma Lógica Própria

          Para se compreender esta verdade, a que se perceber as situações que norteiam a vida dos indivíduos pela ótica dos mesmos. Cada cultura divergirá entre si porque a natureza não possui meios de determinar ao homem um só tipo taxionômico.    

5 – A Cultura é Dinâmica

          Qualquer sistema cultural está em contínuo processo de mudança, as culturas jamais são estáticas.

           As mudanças culturais podem ocorrer de 2 maneiras:

            1 – Internamente, resultante da dinâmica do próprio sistema cultural.

            2 – De um resultado do contato de um sistema cultural com outro.

            Cada sistema cultural está sempre em mudança.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

VISÃO NACIONAL PARA A CONSCIÊNCIA CRISTÃ

A catorze anos participo do Encontro Para a Consciência Cristã. Não tenho palavras para expressar o quanto as palestras e pregações ouvidas contribuíram para a formação do Pastor que hoje sou. Através deste encontro maravilhoso que é completamente gratuito, tive a dileta oportunidade de ouvir os mais conceituados pregadores do Brasil e do Mundo, o que não seria possível não fosse a magnitude deste evento - sendo tudo para a Glória de Deus.

A dez anos sou mantenedor deste trabalho, e, concomitantemente, tenho me empenhado para apoiar o mesmo e divulgá-lo da melhor maneira possível, pois, penso ser esta uma visão que deveria ser espalhada por todo o Brasil. Algo verdadeiramente abençoador e engrandecedor.

Não obstante, tendo em vista a grandiosidade do evento e a origem diversa - quando ao local de origem - dos pregadores e palestrantes, sem contar a mega-estrutura que é montada e desmontada todos os anos naquilo que é o maior espaço aberto para eventos de nossa querida cidade. O custo para realização do evento é também grandioso. Segundo informações do Pr. Euder Faber, presidente da VINACC, o custo total do evento para este ano ficará em torno de R$ 700.000,00. Valor que para a organização do evento, é uma enormidade, tendo em vista a mesma ser uma instituição sem fins lucrativos que é mantida quase que exclusivamente com ofertas de mantenedores.

Entretanto, não olhando para condição do problema e sim para grandiosidade inefável de nosso Deus. A VINACC, lançou uma carta aberta a igreja brasileira. Para que juntos possamos suprir todas as necessidades do evento e consequentemente dar vasão ao 15º Encontro para Consciência Cristã. A carta segue na íntegra.


CARTA ABERTA À IGREJA BRASILEIRA

Campina Grande, 7 de fevereiro de 2012.

Há mais de uma década, a VINACC tem promovido o Encontro para a Consciência Cristã, com o propósito de exaltar a pessoa de Jesus Cristo, defender a fé cristãedificar a Igreja proclamar o Evangelho. Esses pilares fundamentais têm norteado nossas ações com vistas a cumprir o desafio de “... batalhar pela fé, que uma vez por todas foi entregue aos santos.” (Jd 3).
Somos uma instituição sem fins lucrativos ou político-partidários, que defende o cristianismo bíblico, herdeiro da reforma e dos avivamentos pelos quais passou a Igreja de Jesus ao longo dos séculos. Quanto à fé e prática, somos cristocêntricos. Teologicamente, defendemos um Evangelho puro e simples, conservador dos ideais de Deus para o seu povo, compreendido nos estritos limites das Escrituras Sagradas que, para nós, é infalível, inerrante e eterna. 
O nosso compromisso é com a verdade do Evangelho, mesmo que isso nos traga dor, sofrimento ou dificuldades. E é justamente isso que gostaríamos de compartilhar com você que entende que é Igreja do Senhor e corresponsável, por manter viva a chama do genuíno Evangelho. 
Fato é que ante a crise ética e moral que se abate sobre a sociedade contemporânea e respinga sobre a Igreja, nossa postura de compromisso com o Evangelho, nos causa dificuldade, retaliação e até perseguição.  Não nos permitimos receber ajuda de igrejas ou organizações que adotam a teologia da prosperidade, com vistas a não corrompermos nossos princípios básicos; também, não negociamos nossos valores fundamentais, recebendo recursos oriundos de pessoas ou organizações que têm interesses eleitoreiros ou alguma intenção escusa. Embora possamos contar com alguma contribuição do poder público, para a realização dos Encontros para a Consciência Cristã, estas, quando ocorrem, se dão com todas as formalidades legais e cobrem apenas parte dos custos. Some-se a isso tudo o fato de pessoas e organizações comprometidas com o presente século, não só não nos apoiarem como também trabalharem para inviabilizar o Encontro.  É diante desse quadro que vemos nossas fontes de financiamento cada vez escassas e limitadas ao “remanescente fiel” da Igreja de Cristo.  No entanto, somos gratos a Deus e cremos que para ele não há impossível e que ele continua agindo em e através de sua Igreja.
A VINACC e o Encontro para a Consciência Cristã são mantidos, basicamente, por meio de doações de pessoas e organizações que reconhecem a importância da verdade do genuíno Evangelho e estão comprometidas com sua proclamação “até os confins da terra”. É por isso que gostaríamos de contar com sua colaboração:
Diante destes fatos, queremos convidar você a se unir conosco, de três formas:
1ª) Intercedendo pela VINACC e pelo 14º Encontro para a Consciência Cristã a fim de  que Deus aja poderosamente, abençoando os preletores e participantes lhes proporcionando momentos de crescimento espiritual;
2ª) Participando do evento.  Em 2012, o Encontro acontece de 15 a 21 de fevereiro (durante o período do Carnaval) em Campina Grande – PB, reunindo cristãos das mais variadas denominações, e contando com a participação de preletores de renome internacional que têm sido poderosos instrumentos de Deus para transformação de vidas, em palestras, debates e preleções;
3ª) Abençoando financeiramente este evento, (os custos desta edição giram em torno de R$ 700.000,00 (setecentos mil reais), seja se tornando um mantenedor da VINACC ou fazendo uma doação para o Encontro,  tornando possível essa  missão de levar uma visão cristocêntrica a uma sociedade impregnada de relativismo e incredulidade. 
A nossa oração é para que o Senhor Jesus, através do Seu Santo Espírito, possa tocar em seu coração e lhe falar muito mais do que podemos expressar nesta simples carta.
Que o Senhor nos abençoe e nos ajude.

Pr. Euder Faber
Presidente da VINACC

“Porque somos cooperadores de Deus.” (1 Cor 3.9)

Maiores informações sobre o evento, como contribuir e realidade financeira do encontro : www.conscienciacrista.org.br