quarta-feira, 15 de agosto de 2012

CURSO DE EVANGELISMO CONTEXTUALIZADO [3ª parte]


Parte

Baseado no Evangelho de João 4.31-45





Compreendendo o Propósito de Cristo


     1 – Porque Viajar por Território Samaritano, e Quanto a Sicar?

Neste ponto, gostaria de abrir um pequeno parêntese e comentar um pouco da intenção de Jesus em enviar os discípulos a Sicar. O mesmo orgulho que precisava ser trabalhado na vida da samaritana, precisava também ser arraigado da vida dos próprios discípulos.


Assim, Jesus, entrevendo o que aconteceria numa exótica visita destes a uma cidade samaritana, sem delongas, os enviou. Imaginemos a cena dos discípulos numa das “bodegas” samaritanas tendo que conversar com o comerciante? Imagine ainda os semblantes de ambos, judeus e samaritanos, se entreolhando pelas ruas empoeiradas da humilde cidade? Não seria preciso tanta imaginação para divisarmos os semblantes carregados num misto de reserva e repulsa, que os impelia a, o quanto antes, deixar aquela inditosa cidade e retornar, “incontaminados”, a presença do Mestre.
    

     A – A Verdadeira Postura de Um Cristão Frente ao Campo Missionário

O fato é que, enfim, eles retornaram: “Nesse ínterim, os discípulos lhe rogavam dizendo: Mestre, come! Mas ele lhes disse: Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis. Diziam, então, os discípulos uns aos outros: Ter-lhe-ia, porventura, alguém trazido o que comer?” (V 31-33).


     Jesus, através da visita realizada pelos discípulos, procurava “abrir-lhes os olhos” para necessidade de perceberem seu ministério transcultural. Queria fazer com que os mesmos percebessem nos samaritanos, vidas que precisavam das Boas Novas trazidas pelo Mestre, todavia, eles não compreenderam esta sublime verdade, que como sempre, estava sendo ensinada por Jesus nas entrelinhas de sua vida cotidiana. Com as palavras “uma comida tenho para comer, que vós não conheceis” em resposta a pergunta feita pelos discípulos, Jesus nos deixa isto muito claro. Poderíamos conjecturar as palavras de Jesus: “vocês ainda não conhecem minhas verdadeiras necessidades, o teor da minha missão”.


     Ora, conforme percebemos em toda narrativa a respeito da missão do Cristo, a ambição deste sempre foi cumprir sua missão pré-estabelecida pelo Deus Pai, a qual seja se revelar ao homem conduzindo-o a reconciliação eterna. Observe: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra”. E, nesta obra de restaurar o homem a presença de Deus, os samaritanos, sim, “até eles”, para espanto dos judeus, estavam também inclusos. Algo que foi poderosamente expressado pelo Senhor Jesus num dos exemplos mais bonitos de toda a narrativa bíblica.


     B – O Ponto de Pior Compreensão da Igreja!


     Lembre-se que a mulher samaritana tinha abandonado o cântaro e corrido para anunciar aos seus conterrâneos o encontro que tivera com o Cristo, pois é ela tinha logrado êxito em seu “frenético evangelismo” e uma multidão a acompanhava para ver de fato o que estava acontecendo[1]. É neste ponto que Jesus reúne os discípulos em torno de si e nos dá um profundo exemplo da importância contextual do Evangelho para sua perfeita compreensão: “Não dizeis vós que ainda há quatro meses até à ceifa? Eu, porém, vos digo: erguei os olhos e vede os campos, pois, já branquejam para a ceifa” (V35).


     Os samaritanos, vindo ter com Jesus, no movimento natural do caminhar, mais pareciam com um campo de trigo quando açoitado pelo vento. Jesus se utilizou desta semelhança para criar uma ponte que melhor permitisse aos discípulos compreender o que Ele estava dizendo.


Ele dizia, Levantai os vossos olhos, olhem para os samaritanos que caminham até nós, vocês não dizem que eles não estão maduros (não são dignos) para o Reino de Deus, eis que Eu vos digo, observem melhor, pois, os campos (os samaritanos) já branquejam para ceifa (procuram desesperadamente a salvação).


Que exemplo belíssimo! Agora eles entendiam o por que de viajar por caminho, outrora, tão inditoso; entendiam o porque do convívio provocado por Jesus quando os enviou a Sicar; entendiam porque Jesus, para escândalo de qualquer “Rabino”, estava conversando com uma mulher samaritana. A resposta agora era óbvia: Os samaritanos também faziam parte do Reino de Deus!

     C – O Resultado de um Evangelismo Contextualizado

Nos versículos que seguem (36-38) o Senhor continua por ensinar a matemática da ceifa, os trabalhos realizados pelo que lança semente (evangeliza em solo ainda não semeado) e do colhe o fruto de seu trabalho (aquele que acolhe os que reconhecem a Jesus como Senhor) mostrando que tanto um como o outro, entesouram para a vida eterna. No caso, a samaritana havia plantado, e dentro em breve, eles estariam colhendo.  Isto sim é uma aula de cristianismo!


     Muitos samaritanos daquela cidade creram nele” (V41). Tanto o testemunho da mulher, como o convívio com Jesus e os discípulos, agora sim comunicadores, contribuíram para que muitos recebessem a Cristo como Salvador e tivessem suas vidas transformadas sem prejuízo algum a sua raça, a sua história, a sua cultura. O que prova que não é o evangelista que “retira as arestas” e sim a Palavra de Deus no trabalhar do Espírito Santo.

E Agora, Qual Será sua Postura Frente à Obra de Evangelização/Missionária?


     Consideração Finais


     Não restam dúvidas quanto à urgência de se comunicar a todas as etnias um evangelho verdadeiramente pertinente e significativo. Contudo, assim como ocorria com os discípulos que não compreendiam o amor que Deus sentia pelos samaritanos, também agora o povo de Deus tem evitado “passar por território samaritano” e com isso a causa de missões tem perecido.     Nossa intenção é levantar um povo cada vez mais parecido com Jesus, um povo amante dos perdidos, daqueles que vivem num mundo de trevas destituídos do evangelho santíssimo. Entretanto, a luta tem sido árdua, são muitas as dificuldades e, como fora dito, o campo é enorme e “branqueja para ceifa”. Portanto, que todos nós, ao término de mais este estudo, possamos parar um pouco em nossa vida e em nossos próprios projetos, para ouvirmos uma voz que continua a clamar:


A quem enviarei, e quem há de ir por nós?”
Is 6.8b

    
     Juntem-se a nossa igreja em resposta, nós já ouvimos essa voz...



[1] Todos somos salvos para salvar, quem não se compromete com a causa missionária deve urgentemente repensar sua salvação.

sábado, 4 de agosto de 2012

CURSO DE EVANGELISMO CONTEXTUALIZADO [2ª parte]


Parte


Baseado no Evangelho de João 4.19-29


Conceituando a segunda parte

           


          1 – Cosmovisão[1] Samaritana


     A – Uma Abordagem Fenomenológica – A Ideia de Templo
 

     Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4.6b).


     O profeta Zacarias (520 a.C.), contemporâneo mais jovem do profeta Ageu (520 a.C.), assim como este último, foi incumbido pelo Senhor de induzir o povo à “reconstruir o Templo”. Segundo Shedd, “A mensagem escrita de Zacarias, forma um significativo elo entre os profetas anteriores, a cujo ministério ele se refere e as fases posteriores da obra redentora de Deus, sobre a qual o seu livro presta tão eloquente testemunho”. Segundo se depreende, o elo a que se faz referência diz respeito à posição que o Templo ocupava na adoração do povo, fato que norteava a premissa de sua reconstrução e todo o empenho por parte daqueles responsáveis por esta tarefa.


     Segundo Mircea Eliade, um dos mais influentes estudiosos da religião do século XX, não apenas em culturas específicas (como a israelita), mas em todas as demais (mesmo que com centros e/ou objetos de adoração diversos), o templo, ou melhor, as hierofanias (algo de sagrado que se nos revela), representam para os povos (que podem ou não variar em termos de desenvolvimento cultural), uma ruptura no espaço cósmico (mundo), fato que provoca uma separação (limiar), entre o espaço sagrado e o profano. Daí a importante posição que os centros de adoração ocupam na identidade cultural de todos os povos, pois, o homem religioso (em todos os tempos) é sedento do ser (sagrado). Eliade, vai ainda mais longe em seu pensamento a respeito da posição do sagrado na vida dos povos ao dizer que “é graças ao templo (a manifestação do sagrado) que o mundo é ressantificado em sua totalidade”.


     “Uma vez perdido contato com o transcendente, a existência no mundo já não é possível”, por causa disso, o templo é tão importante, pois, denota singularidade num mundo onde “o sagrado e o profano constituem duas modalidades de ser” (Eliade).


     B – O Fenômeno Religioso Aplicado ao Texto


     Vislumbrado a importância do local de adoração para implementação da identidade cultural dos povos, passemos outra vez a analisar o texto extraído do Livro do Profeta Zacarias. Ele diz, “não por poder, mas pelo Espírito”. Com esta sentença, conforme mencionei acima, percebemos a semelhança entre o pensamento de Zacarias e o tratar de Jesus em relação à mulher samaritana.


     No diálogo que estamos analisando (Jo 4.1-42), ficou óbvio que o Mestre sempre procurou esclarecer a mulher através da atuação maravilhosa do Espírito Santo, e nunca, através do poder de sua possível “ascendência cultural”, ou de qualquer outro meio que não fosse pelo Espírito; fato que não somente válida, mas também especifica o teor da comunicação em contexto intercultural, o qual seria, “Pregai o Evangelho”. Além disso, tanto um (Isaías) como outro (Jesus) procuravam a “Reconstrução do Templo”, todavia, este que agora era pregado pelo Senhor Jesus, não seria reconstruído por mãos humanas (At 17.24), mas, a semelhança do primeiro, seria o local de habitação do Espírito de Deus (I Co 3.16; 6.19).


     Jesus estava nos revelando que cada ser humano (desde que presente em seu Corpo (Rm 8.9), seria Templo e morada do Espírito Santo, fato que expandiria o “local de culto” e ressantificaria (reorganizaria) um mundo que jaz no maligno (I Jo 5.19). Jesus implementava a “otimização” da luta contra o caos através de embaixadas (Templos Humanos) espalhadas por todo o mundo, as quais, representariam a presença d’Ele em todo lugar e funcionariam como uma tocha acesa em meio à escuridão, como o sal que não permitiria que o mundo de resto apodrecesse.


     Jesus comissionava à humanidade para que, com a mensagem supracultural do evangelho, funcionassem como “A Solução para o Caos!”.


OBS.: Uma vez compreendida a relação entre o texto de Zacarias e a nova proposta de Jesus em relação ao “Templo”, voltemos ao texto do Evangelho de João.



     A Verdadeira Adoração


     Ora, percebemos a relevância da “abordagem contextualizada” de Jesus através do progresso conseguido em tão pouco tempo de conversa. Lembre que no princípio do diálogo, conforme mencionamos, a mulher começa por tratar ao Senhor Jesus tão somente como um simples judeu. A seguir, após mais um momento de conversa ela já o trata como Senhor, e por fim, ponto que da início a análise do diálogo neste segundo momento, ela o chama de “Profeta”.


Neste ponto, voltemos ao texto.


     2 – O Poder Esclarecedor do Evangelho


     Senhor, disse-lhe a mulher, vejo que tu és profeta” (V19). Essa foi à resposta da samaritana após a breve e esclarecedora observação do Mestre a respeito de sua vida particular. Jesus, em seu comentário, toca num ponto delicado da vida daquela mulher (sua situação conjugal) e a faz perceber a singularidade de sua pessoa. Como a postura assumida por Jesus denotava uma poderosa autoridade espiritual (algo raro naquela região), a mulher não perdeu tempo, e numa última tentativa de fazer surgir do coração de Jesus o possível “leão cultural” até então “adormecido” (fato que justificaria o questionamento, e que no “pensamento da mulher” revelaria de uma vez por todas o caráter de Jesus), fez o seguinte comentário, na esperança de super aguçar até o mais comedido de todos os judeus, “Nossos pais adoravam neste monte; vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar” (V20).


     A – Nós Somos Convocados a Evangelizar, Não a Discutir[2]


     Obviamente ela estava muito interessada em ouvir a opinião de Jesus a respeito desta “disputa cultural” que ao longo dos anos já contava com a morte de inúmeras pessoas que, em seu zelo desmedido, já haviam ultrapassado todos os limites possíveis (Josefo). A grande questão em torno deste tema seria: Afinal, qual dos dois montes realmente seria o mais santo, Gerisim ou Ebal? Com esta indagação, a samaritana achava que estava preparada a arena para mais uma batalha entre uma e outra cultura. Mas, inevitavelmente, ela mais uma vez ouviu uma poderosa resposta de Jesus.


     Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são esses que o pai procura para seus adoradores. Deus é Espírito, e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (V 21-24).  

     B – Por que a Questão do Templo era tão Importante?


Desde muito antes e, a época deste diálogo, à “supremacia cultural” de cada povo estava intimamente relacionada à área de atuação que o seu deus controlava e ao poder de que este deus dispunha para, em tempo oportuno, livrar o povo que o adorava de possíveis inimigos (e ainda não é?).


Quem possuía o deus mais poderoso inevitavelmente era o povo mais forte, e essa particularidade norteava toda a vida social em praticamente todas as culturas. A intenção dos samaritanos era se tornar melhor que os judeus por serem o povo que detinham o verdadeiro local de “atuação e habitação” do Senhor (o templo de Gerisim), enquanto que os judeus pensavam exatamente o contrário (com seu templo no Ebal, Jerusalém). Percebe-se então, que com esta pergunta, o objetivo da samaritana era reacender a chama desta disputa.
    

     C – A Poderosa Aplicação Cultural de Cristo


Todavia, segundo Champlin, “a resposta dada por Jesus declarou a abolição da adoração sectarista, a derrubada de bandeiras religiosas, a remoção de reivindicações rivais do meio da adoração verdadeira, sem importar se essas reivindicações são judaicas ou samaritanas. O verdadeiro centro da adoração não era nem um monte e nem um templo, mais sim, uma pessoa – O Cristo”.


Cristo teria a missão de remir “pessoas de todos os povos” (Ap 5.9-10), o que “seria suficiente para destruir todas as barreiras que os homens teriam construído para satisfazer o seu orgulho nacionalista” e sectarista. 


A resposta de Jesus apontava para uma adoração que não precisaria de bandeiras, que não estaria restrita aos templos suntuosos construídos pelos homens, que viria como a mais poderosa resposta às barreiras culturais que separavam os povos e funcionaria como o mais poderoso símbolo da unidade, pois, os seus adoradores estariam todos habitando num mesmo corpo, reunidos em um único propósito; o qual seria: Adorar ao Deus todo poderoso de maneira que os pressupostos culturais não mais os separariam, pois, adorariam em “Espírito e em verdade”.


     Jesus transferia a autoridade (criada pelos homens) dos templos construídos em todas as culturas e a depositava sobre a vida das pessoas (esse é o sentido de reconstrução fomentada por Cristo a que me referia acima), acabava com os entreveros culturais que visavam supremacia e nivelava todos os homens à unidade (transformando-os em embaixadores do céu).                  


3 – O Evangelho é Supracultural


A – O Evangelho está Acima dos Usos e Costumes Humanos!


Ele disse: “Deus é espírito”. Com esta sentença, Ele afirmava que Deus não estava sujeito às estruturas, as formas, aos tipos, as cores, aos ritos, aos costumes ou a qualquer outro tipo de capricho humano. Segundo Champlin, o fato de Deus, conforme citação de seu Filho, “não possuir corpo físico, subtende, sim, até mesmo requer, que ele seja adorado de maneira não corpórea (não quero dizer com esta citação fora do corpo e sim sem a necessidade de estruturas humanas)”. Jesus descortinava diante daquela mulher uma verdade sempre presente nas Escrituras, mas até então mal compreendida pelos homens, uma realidade espiritual que estava acima de todas as culturas, um Evangelho supracultural.


     Com esta belíssima declaração, Jesus procurou retirar do homem toda reserva cultural que tanto o afligia, direcionando de uma vez por todas o foco de nosso verdadeiro ataque, o qual não poderia ser melhor definido se não nas palavras inspiradas do Apóstolo Paulo, “porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (Ef 6.12). E trazia, segundo Bosch, os outrora não-humanos samaritanos a romper com o fundamentalismo judaico tradicional. Saciava dentro do homem, a sede do ser.

     B – O Evangelho como Destruidor das Barreiras Culturais


A última resposta dada pela mulher samaritana em nada tem haver com as primeiras. Ela não foi evasiva ou procurou desviar o foco da conversa através de seu sarcasmo. Mas, conforme Jesus pretendia desde o princípio, ela desvendara algo de melhor que havia em seu ser, e, numa resposta que denota uma profunda reflexão mística e religiosa em tudo quanto vinha sendo exposto por Jesus, ela replica: “Eu sei, que há de vir o Messias, chamado Cristo, quando ele vier, nos anunciará todas as coisas” (V 25).     Este “nos anunciará”, plural, que englobava nas palavras da própria samaritana até os inditosos judeus (pelo menos até agora), já nos descortina algo que fluía desde o mais profundo do seu ser, algo que denotava uma transformação não antes possível à mente mais otimista, um homem, enviado pelo Deus Todo Poderoso, que, até aos olhos da sectária samaritana, poderia por termo a esta nefasta barreira que os separava.
    

     C – A Importância da Aplicação do Conhecimento Cultural na Comunicação do evangelho


É fato conhecido que a adoração samaritana baseava-se tão somente na Torá, o conjunto de cinco Livros da Lei judaica escritos por Moisés. Jesus sabia que a mulher que conversava com Ele, e que ansiava pela revelação do Messias, conhecia muito bem cada sentença contida em cada um daqueles livros, principalmente as que faziam menção ao tão conhecido diálogo entre Jeová e Moisés, quando este era comissionado a libertar o povo das mãos de Faraó. 


Assim, numa sentença que serviu como um divisor de águas na vida daquela humilde mulher, Jesus, em alusão à resposta dada por Deus em referência a sua identidade indagada por Moisés, asseverou nas mesmas palavras tão caras ao coração daquela mulher: “Eu Sou, eu que falo contigo” (V 26).  Segundo Timóteo Carriker, a utilização por parte de Jesus do nome “Eu Sou”, sugere uma presença salvífica que, no próprio nome, Jesus pode ousar e aceitar em usar como dele próprio”.

     D – A Perfeita Adaptação da Mensagem, O Ouvinte como Comunicador


Diante disso, a reação da samaritana esboçada num misto de espanto e alegria estampados em seu rosto pálido era algo tão patente, que os discípulos que acabavam de voltar de sua épica viagem a Sicar, não ousaram perguntar o que estava acontecendo, embora estivessem espantados de Jesus estar conversando com uma mulher, “e pior” samaritana.


A mulher, maravilhada com o que se realizara em sua vida (graças ao Evangelho contextualizado pregado por Jesus), abandonou o seu cântaro junto à fonte, e a plenos pulmões voltou a Sicar, gritando a quem encontrava pelo caminho, “Vinde comigo e vede um homem que me disse tudo quanto tinha feito. Será este, por ventura, o Cristo? Saíram, pois, da cidade e vieram ter com ele” (v 29-30).


[1] Cosmovisão é um conjunto de suposições e crenças que alguém usa para interpretar e formar opiniões acerca da sua humanidade, propósito de vida, deveres no mundo, responsabilidades para com a família, interpretação da verdade, questões sociais, etc
[2] No sentido de perder o foco do Evangelho com discussões que em nada somam a vida das pessoas e ao Reino de Deus. Mas que apenas insuflam o ego.