Poucos
movimentos missionários ao longo dos tempos impactaram tão poderosamente a
igreja mundial como o que surgiu em meados do século XVIII, sob a égide de um
eminente conde alemão chamado Zinzendorf. Sob sua liderança a missão Moravia impactou todos os
continentes com envio de missionários e apoio evangelístico a igrejas já implantadas.
Tal foi o derramamento do Espírito Santo sobre aqueles jovens que os mesmos chegaram ao ponto de
entregar-se como escravos para alcançar pontos longínquos do mundo de então.
O despertamento missionário daquela geração foi tão grande que em vinte anos este movimento enviou mais missionários aos campos do que
toda a igreja protestante em dois séculos.
Concordo
com o Pastor Florêncio, falar da Morávia nos dias de hoje soa estranho aos
nossos ouvidos. Apesar de sua aparente insignificância para história mundial,
esta pequena região a muito absorvida pelas atuais nações do mundo figurou como
o berço de um dos mais engajados movimentos de missões transculturais de todos
os tempos. Entretanto, tudo começou algum tempo antes, na antiga Saxônia, quando nascia Nicolaus Ludwig Von
Zinzendorf, no dia 26 de Maio de 1700, em Dresden, o qual ficou mundialmente conhecido como
conde Zinzendorf. Este amado servo do Senhor, desde tenra idade já fora educado
por sua família nos caminhos de Deus. Seu
pai morrera poucos dias após o seu nascimento, mas não antes de tomá-lo em seus
braços e consagrá-lo ao sagrado ministério.
Desde então, Zinzendorf passara a ser cuidado por sua avó, a baronesa pietista Henrietta Catarina Von Gersdorf, a qual procurou fazer do lar de seu neto um lugar cheio de zelo pelas coisas do Senhor. Naturalmente, num clima que exalava um poderoso amor pelas coisas de Deus, o pequeno Zinzendorf, ainda com seis anos decidiu enfaticamente em seu coração: “Tenho apenas uma paixão. É Jesus, Jesus somente”.
Desde então, Zinzendorf passara a ser cuidado por sua avó, a baronesa pietista Henrietta Catarina Von Gersdorf, a qual procurou fazer do lar de seu neto um lugar cheio de zelo pelas coisas do Senhor. Naturalmente, num clima que exalava um poderoso amor pelas coisas de Deus, o pequeno Zinzendorf, ainda com seis anos decidiu enfaticamente em seu coração: “Tenho apenas uma paixão. É Jesus, Jesus somente”.
Zinzendorf
fora poderosamente influenciado pelo movimento pietista de sua época, o qual
ocorreu dentro da igreja luterana no final do século XVII. Sob essa influência,
o garoto saxão cresceu com o desejo profundo de entregar-se cada vez mais a
obra de Deus. Neste azo, quando na escola primária, ali entre as crianças e
adolescentes tornou-se líder das atividades religiosas, organizando entre os
garotos a “Ordem do Grão de Mostarda”,
cujo objetivo principal era a evangelização do mundo. O símbolo da ordem era um
pequeno escudo, no qual estava escrito “Suas
chagas nos curam”; e cada um dos
membros da ordem também empunhava um anel, que dizia “nenhum homem é uma ilha”.
Ainda na
juventude, Zinzendorf reuniu um grupo de pessoas para buscarem piedosamente a
Deus, nunca passou pela mente daquele jovem apaixonado por Jesus dividir a
igreja luterana, mas isso naturalmente aconteceu. Desde o princípio de sua
vida religiosa Zinzendorf nutria o desejo de comunicar a Palavra de Deus a seus
conterrâneos. O seu maior desígnio era consagrar a sua vida inteiramente a
exposição do Evangelho. No entanto, antes de dar início a obra maravilhosa que
se seguiria, o mesmo fora mandado por sua família para Wittemberg de 1716 a
1719 para estudar direito e assim ingressar no tão almejado funcionalismo
público da época. Ao final do curso, que em tudo fora regado por leituras profundas dos melhores teólogos da época, Zinzendorf retorna a casa
paterna e conhece aquela que seria sua mulher pelo resto de sua vida Edmuth Dorotéia, irmã do conde Henrique.
Destarte, a grande
virada na vida de Zinzendorf aconteceu em 1722, em Dusseldorf, numa galeria de
arte, quando viu diante de si o conhecidíssimo quadro ecce homo, que trazia inscrito: “Eu tudo fiz por ti, o que fazes por mim?”. Fato que tocou
poderosamente o coração do jovem aristocrata que saiu dali com desejo resoluto
de entregar a sua vida completamente ao serviço do Senhor. Algo que não seria fácil, uma vez que sua família queria que o mesmo aceitasse o serviço de
eleitor na cidade de Dresden. A pressão fora enorme e naquele momento Zinzendorf
percebeu que era hora de esperar, aceitou.
Neste
ínterim junto com mais um nobre e dois pastores, o jovem magistrado funda o “pacto
de quatro irmãos”, que tinha como meta levar o evangelho a todo o mundo. Nascia ali
uma grandiosa obra. Em meados de 1736, tendo em vista o sucesso de sua
empreitada, o mesmo fora banido da Saxônia, mas pouco tempo depois fora convidado a voltar
e fundar uma comunidade. A verdade é que as coisas começaram a minguar com a saída do mesmo e
penso que o governo entendeu que estar com ele seria infinitamente melhor do que perdê-lo.
Quatro anos antes desse acontecimento, ainda em
1722, por causa da grande perseguição na Boêmia, região próxima a Morávia, Zinzendorf
permitiu que um grupo de irmãos se refugiasse na sua propriedade rural de
Berthelsdorf. Desde então essa propriedade passou a ser habitada por boêmios, alemães
e outros perseguidos religiosos. Para atender suas necessidades espirituais Zinzendorf
funda a comunidade denominada Herrn-hut,
que significa “Abrigo do Senhor”. O próprio
conde e sua família residiam ali. E para que isso fosse possível o mesmo demitira-se do emprego,
para frustração da a aristocracia da época. O sonho deste jovem servo do
Senhor era restaurar a mesmo paixão no povo alemão como o fora nos dias de João
Huss e canalizar tudo isso para a obra missionária.
Uma vez iniciado este maravilhoso projeto, o dia
“D” para seu adimplemento fora 13 de Agosto de 1727 - era celebrada a Ceia do Senhor em Herrn-hut -, quando o Espírito
Santo veio sobre eles de uma forma tão poderosa que a partir daquela data
surgiu um grupo cheio de comunhão entre os irmãos com o objetivo de ganhar
todo o mundo para Cristo, essa reunião de oração durou por um século inteiro. Assim, nascia
a Missão Morávia. Zinzendorf então torna-se o líder espiritual destes célebres
missionários do Senhor até a sua morte, que ocorreu em 9 de Maio de 1760. O
velho conde esteve à frente dos trabalhos por cerca de 30 anos.
Apesar
de não ter frequentado um curso de teologia, Zinzendorf tornou-se um obreiro
leigo da igreja luterana e serviu em Herrn-hut
por toda a vida. O mesmo é tido como um poderoso pregador que difundiu com suas
mensagens um grande ardor missionário.
Os
morávios que a princípio surgiram de um grupo de irmãos que vinha sobrevivendo
atrás das linhas inimigas da perseguição - o “Unitas Fratrum” um grupo de evangélicos genuínos
que sobreviviam à surdina desde os idos de Huss. Ao serem aceitos por Zinzendorf
prometeram retribuir a oportunidade entregando-se completamente a Deus como
missionários. Desde então os mesmos tornaram-se muitíssimo conhecidos como
missionários pioneiros em campos longínquos por todo o mundo. Para se ter uma idéia antes dos morávios
a igreja protestante não possuía um trabalho forte de missões, tanto é que em
vinte anos a Missão Morávia enviou mais missionários ao mundo do que toda a
igreja junta em três séculos de história. Não é a toa que o século XIX é tido
como o “Grande Século”.
Fora
a partir dos morávios que foram criadas as sociedades missionárias da Inglaterra,
Escócia, Estados Unidos e muitas outras. As quais enviaram grades missionários ao campo tais
como William Carey, Hudson Taylor, Adoniram Judson, David Livingstone dentre
outros tantos anônimos que foram tão importantes para o Reino de Deus.
Era
impressionante o amor com que eles serviam a Deus como missionários. Geralmente
viajavam sem qualquer sustento, como hoje conhecemos os Fazedores de Tendas. Sendo embalados pelo hino escrito por Zinzendorf
“Cristo ainda nos conduz”.
Os
morávios foram os primeiros a evangelizar os judeus, além de irem a várias
partes do mundo tais como Rússia, Groelândia, Labrador, Ilhas do Caribe,
América do Norte, Costa da América do Sul, sul da Ásia, chegando à Índia e
Ceilão. Concordo com o Pastor Florêncio ao atribuir tamanho sucesso a uma vida
de entrega total a Deus a qual fora regada exaustivamente a uma vida de devota
oração. Nenhuma outra equipe de missionários na história conseguiu tamanho
sucesso na oração!
O lema
que impulsionava estes servos valorosos do Senhor por todo o mundo era:
“Nosso cordeiro
venceu, vamos segui-lo”
Finalmente, minha
oração é no sentido de que este mesmo amor por missões inunde a igreja nos dias
de hoje. De modo que o nome do Senhor seja glorificado entre aqueles que ainda não
o conhecem. Oh Senhor, dá-nos outra Morávia!
Fonte:
ATAÍDES, Florêncio Moreira de História
das Missões Moravianas/ Arapongas: Aleluia, 2008.
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