quarta-feira, 21 de abril de 2010

SOBRE O PODER DE DEUS.

Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra”. At 1.8

Aproveitamos este feriado, mais uma vez, para investirmos no fortalecimento do “Corpo de Cristo”. Ousamos, sobe a égide do Espírito Santo, obedecer a grande comissão e romper com nossa Jerusalém (igreja local) empreendendo vôo, num ônibus velho, até Samaria (uma favela próxima). E lá, em meio a córregos fétidos e pessoas desconfiadas, vislumbramos um pouco do Poder de Deus.

Para muitos, principalmente no momento que estamos vivendo, recheado com a teologia Neo-Pseudo-Pentecostail, com o Teísmo Aberto, com a Teologia Relacional e com a saga da Teologia da Prosperidade. Poder de Deus seria pular, correr, marchar... Filosofar sobre o metafísico... Duvidar da Soberania de Deus... Ou ganhar muito dinheiro... Porém, para alguns nobres soldados do Reino, poder de Deus foi ver alguns adolescentes alimentando um moribundo que mal podia ficar de pé degenerado por tanta fome. Foi ver um seminarista, inconformado com as páginas gélidas dos livros, colocá-lo (o moribundo) confortavelmente sobre um carrinho de mão e conduzi-lo serpenteante, morro a cima, até a igrejinha próxima, para com todo amor e carinho: banhá-lo, vesti-lo, alimentá-lo e piedosamente evangelizá-lo. Restaurando-lhe, mesmo a parcos recursos, num vislumbre de tempo, sua perdida e tão cara dignidade.

Poder de Deus foi prorromper em meio a uma terra inóspita com uma centelha de esperança. Foi ver uma pequena multidão de crianças carentes sorrindo, mesmo que por um pouquinho de tempo, com as afáveis brincadeiras de nossas professoras da Escola Bíblica, todas devidamente fantasiadas e quebrantadas. Foi observar em meio a um sol tórrido e causticante, um singelo voluntário percorrer corredores estreitos e hostis no intuito de fazer um simples teste glicêmico, num popular que por motivo outro, não podia deslocar-se até nossa base (devidamente montada com caibros e lonas). Foi me emocionar ao ver uma jovem recém convertida propalando um convite que até alguns dias atrás lhe parecia tão distante, esforçando-se por conseguir o maior número possível de pessoas para ouvir, na tímida igrejinha de favela, a impactante Palavra de Deus.

Poder de Deus foi ver um grupo de jovens com a Bíblia na mão e os pés nos esgotos. Foi perceber as lágrimas nos olhos de uma velhinha que não estava com a pressão arterial alterada. Foi ouvir um “muito obrigado minha filha, que Deus a abençoe!” Quando o simpático ancião concluía o seu corte de cabelo. Foi observar uma fila que insistia em não ter fim a espera de algumas poucas roupas doadas e surradas. Foi deixar aquela favela um pouquinho mais feliz ao final de mais um projeto evangelístico...

À tardinha, levantamos acampamento após um culto vivo, santo e agradável a Deus e dentro de nosso algoz transporte velho (que nos levava daquele amado lugar) vimos lacrimosos a igrejinha de favela se perder entre os barracos no limiar do horizonte distante. Reclinando-nos aos bancos, em silêncio, volvemos o pensamento ao longe... Valeu a pena! Valeu a pena!

Ao término desta épica empreitada missionária. Apenas o nosso Deus em sua Onisciência saberá discernir o impacto sentido por nossa comunidade ao conviver por algumas horas com aquela gente humilde e amável. Apenas Ele poderá aferir a mudança que experimentará aquela comunidade depois desta humilde, mas poderosa experiência de amor e operosidade.

Isto sim é Poder de Deus!

Por fim, no afago de minha família, após esta maravilhosa experiência, concluo corroborando o amado que poetizou nossa história...

Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.

E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina


A morte até pode ser a mesma, mas a vida enquanto é vida, pode ser vivida.

Graças ao evangelho, Poder de Deus!

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