terça-feira, 27 de outubro de 2009

DEFINIÇÃO DE CULTURA.

Segundo Käser (2004), a definição de cultura é tão difícil de formular que nem mesmo especialistas conseguem fazê-lo sem rodeios. Isto fica evidente quando se considera que até 1950 havia um total de 164 definições referentes ao termo “cultura” formuladas e publicadas (Kroeber/Kluckhohn 1952).

O entendimento intercultural é tão rico e complexo quanto a soma das diferenças humanas. Segundo Hesselgrave (1994), o termo cultura leva em conta diferenças lingüísticas, políticas, econômicas, sociais, psicológicas, religiosas, nacionais e outras (1994, p. 85).

A cultura tem como característica não ser inata. Todo indivíduo nasce como uma folha em branco e ao longo de sua vida vai adquirindo características culturais através de um sistema integrado e compartilhado, de forma que cada indivíduo influencie o próximo. Vejamos o que nos diz Luzbetak:

Cultura é um modelo para vida. É um plano segundo o qual a sociedade adapta-se a seu meio ambiente físico, social e ideativo. Um plano para lidar com o meio ambiente físico inclui questões como produção de alimentos e de todo conhecimento e habilidade tecnológicos. Sistemas políticos, vínculos por parentesco, organização familiar e leis são exemplos de adaptação social, um plano segundo o qual o indivíduo deve interagir com seu semelhante. O homem lida com seu meio ambiente ideativo mediante conhecimento, arte, magia, ciência, filosofia e religião. As culturas não passam de respostas diferentes para problemas humanos essencialmente iguais. (1963, p. 60)

A cultura é o elo que une várias gerações durante uma época. Ela é recebida do passado, mas não por um processo pragmático, e sim por um processo de herança cultural, algo que é inerente à personalidade humana e que é transmitido naturalmente de geração a geração podendo sofrer modificações em suas diferentes facetas devido ao fato de que o comportamento cultural é volátil de acordo com o meio em questão. Acerca disso, A Comissão de Lausanne para a Evangelização Mundial (1978), diz:

As culturas jamais são estáticas, mas estão em contínuo processo de mudança. Mas, esta mudança tem que ser um processo gradual que acontece dentro das normas da sociedade; se não, ocorre uma ruptura na cultura. A maior sanção que se pode impor a um rebelde é a exclusão da comunidade na sua definição cultural e social (1978, p. 10).

Conforme observamos, esta mudança precisa ser natural, para que não haja uma ruptura na cultura, devido à implantação de algo que lhe é alheio, algo que pode gerar no indivíduo a sensação de não mais pertencer àquele contexto social, trazendo conseqüências desagradáveis, pois, o indivíduo precisa de uma existência unificada. A mesma Comissão nos diz que:

A participação em uma cultura é um dos fatores que proporciona o sentido de pertencer a algo. A cultura dá um sentido de segurança, de identidade, de dignidade, de ser parte de um todo maior e de partilhar a vida de gerações anteriores e também das expectativas da sociedade com respeito a seu próprio futuro (Lausanne 1978, p. 10).

Uma vez fundamentado este sentimento de pertinência, para que possa haver uma comunicação intercultural eficaz, o comunicador da mensagem precisa compartilhar algum tipo de vida em comum e um certo grau de ação coletiva, para que de forma coesa, esta comunicação seja compreendida em parâmetros culturais relevantes. Desta forma, podemos afirmar que para que haja comunicação intercultural eficaz é imprescindível que haja conhecimento cultural prévio!

Nenhum comentário: