Palestra proferida na IEC da Liberdade, Campina Grande, PB.
Hoje, estarei me baseando no texto de Jó 1.1-3. Jó, sem sombra de dúvida é um legado sólido de alguém que em sua vida comunicava verdades extraordinárias, verdades estas, que até hoje contribuem consubstancialmente para o fortalecimento de muitas vidas e ministérios. Por pensar em fortalecimento, tendo como epígrafe o tema “A Importância da Família para Obra Missionária”, resolvi, para discorrer sobre o tema, destacar, dentre as várias características insofismáveis que emanam da vida deste homem “íntegro, reto, temente a Deus e que se desviava do mal”, pelo menos três, que ao meu ver, seriam uma resposta plausível a todo este atabalhoamento teológico que temos visto em nosso amado meio evangélico.
Como primeira característica eu destacaria a “Motivação”. Ora, não há que se reprisar a indubitável tragédia a que se incorreu o nobre Jó, por causa das ardilosas armadilhas de Satanás. Conforme nos assevera o texto, sendo Satanás acusador como é, estando presente em dado momento diante do Deus todo Poderoso, foi indagado por Deus acerca da postura incomparável de Jó. Por causa disso, numa simplória tentativa de macular os poderosos propósitos de Deus na vida do mesmo (como se fosse possível), questiona a Deus a cerca de todo o legado possuído por Jó, e se não seria este o motivo para tanta abnegação e zelo. Para prová-lo que não era o caso, se bem que Deus não precisa provar nada a quem quer que seja, num ato muito mais propício à posteridade do que a esdrúxula indagação de Satanás, Deus o permite (a Satanás) tocar em todos os bens de Jó, não lhe permitindo, porém, tocar-lhe fisicamente. Uma vez com suas ordens, Satanás deixa a presença de Deus e com sua permissão destrói completamente não só todos os bens que Jó possuía, como também, a toda a sua família, com exceção de sua esposa. Mas, para Glória de Deus, como de fato sempre foi essa a tônica dos fatos, ao fim de toda esta tragédia a postura de Jó foi sem precedentes. Após um relato fatídico protagonizado por seus servos, os quais ainda em pânico o colocavam a par de tudo o que o acontecia, sem titubear, este prolífico homem de Deus “se levantou, rasgou o seu manto, rapou a cabeça e lançou-se em terra e adorou”. E num ato de pura deferência a Deus, alçou voz num primeiro arroubo de fé que insiste em ecoar pelos séculos que se seguiram: “Nu sai do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor”. Diante de tamanha barbárie, Jó, com seus lábios, não pecou, tão pouco atribuiu a Deus falta alguma. Isto sim é o que podemos chamar de “caráter inabalável”. Errou Satanás ao achar que a motivação de Jó estava em seus bens, pois, conforme nos asseveram estas palavras tão impactantes, o coração de Jó não estava nos bens que possuía, mas em Deus.
A própria postura de Jó, faz coro a poderosa afirmação do Apóstolo Paulo e pode ter sido um dos motivos de sua reflexão: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mais Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo, na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus” Gl 2.20. O apóstolo com este texto belíssimo nos fala acerca da correta motivação de um servo; tudo quanto nós encontramos no caráter de Jó. Sendo assim, eu vos pergunto, qual tem sido a motivação de nossa geração? Infelizmente a Teologia da Prosperidade está aí para nos responder! Como primeiro ponto, assevero que se realmente quisermos ser uma resposta a tudo quanto estamos vendo em nosso evangelicalismo (falo daqueles que abandonaram o legado da reforma) precisamos fazer com que nossos jovens, que serão os futuros ministros da igreja, trabalhem impulsionados pela motivação correta. E que o Senhor nos proteja de ministros que prefiram receber o seu galardão por aqui. Por isso, fora com o pragmatismo que tem avassalado os púlpitos; fora com o hedonismo que gera vocacionados mais preocupados com suas auréolas do que com as almas dos homens; fora com a Teologia da Prosperidade e sua peçonha; fora com o Teísmo Aberto, com a Teologia Relacional, com a teoria da Evolução das Espécies; com o Liberalismo Teológico e tudo o mais que procure, conforme as mentes depravadas dos homens, deturpar o Glorioso Evangelho de Jesus Cristo. Que toda motivação que não almeje a Glória de Deus seja anátema! Para que a nossa família contribua para o fortalecimento da sociedade e para que os nossos jovens aspirem, como antes, as “Regiões Celestes”, precisamos da motivação correta!
Em segundo lugar, destaco como uma poderosa qualidade inerente à personalidade de Jó a “Disposição”. É certo que nosso Deus é tardio em irar-se, mas grande em poder e jamais inocenta o culpado (Na 1.3). O fato de se encontrar na qualidade de culpado na presença de Deus é algo terrível, todavia, o contrário também é deveras interessante, pois, conforme percebemos no testemunho de Jó, ele sabia que nada tinha feito para se encontrar em meio à tão intensa tempestade, por isso, ousadamente ele aspirava por uma oportunidade de indagar a Deus o porque de tanto sofrimento (não que exista alguém auto justificado, mas quando o pecado é tido como algo vexoso, tudo o possível é feito para evitá-lo, eis o porque da surpresa de uma conseqüência não produzida). Dizia Jó: “Ah se eu soubesse que o poderia achar! Então me chegaria ao seu tribunal” Jó 23.3. Saber o que procurar diminui em muito o nosso esforço em busca de algo. Neste ponto, encontramos um problema delicado, o qual tem contribuído indelevelmente para apatia espiritual de nossa época, a falta de referênciais. Nossos jovens estão morrendo de inanição teológica. A má disposição de muitos homens que se auto intitulam “Servos de Deus” têm fomentado terríveis referenciais teológicos. Tais homens com sua vida e teologia parecem fazer coro à famosa frase de Nietzsche: “Deus está morto”.
Não é preciso muito esforço para se refutar esta afirmação estapafúrdia. O problema não está em Deus, mas nos homens. “Homens mortos tiram de si sermões mortos e sermões mortos matam”. Referencial de nada serve se o desejo de dispor-se não brotar do coração. As famílias precisam urgentemente fazer com que os jovens voltem a se apaixonar pela vida ministerial, precisam reabrir a velha fábrica de missionários chamada “Lar Doce Lar”, precisam reacender a chama fulgurante que a muito aquiesce no coração de nossos jovens e que os consumia de desejo para entregar-se completamente a “Excelente Obra”. O fato é que nós temos desafeiçoado a mais plena de todas as vocações, que é a ministerial. Nossa resposta a esta geração têm sido paupérrima. A verdade é que nós temos produzido jovens que perderam o idealismo, a paixão e o fulgor. E este mal não tem sido produzido em laboratórios sofisticados custeados pelos demônios, não. Tem sido produzido nos lares. Que se retire da mente de nossos jovens que missão é sinônimo de miséria. Que se retire da mente de nossos jovens que missão é sinônimo de frustração. E que se pregue mais uma vez nos esquecidos cultos domésticos à “Glória” que é servir a Deus como poderosos Embaixadores do Céu. Que nossas mentes mais dinâmicas sejam tributadas a Deus, que nossos jovens mais zelosos sejam consagrados ao resgate dos perdidos, que as mentes mais promissoras funcionem para a Glória de Deus, que haja incentivo em meio às famílias e que estas não descansem enquanto a seara perecer por falta de seifeiros. Precisamos restaurar em nossa geração uma disposição que os inflame por almas.
Para que isto aconteça, creio que a única saída é restaurarmos no seio das famílias uma poderosa paixão pelas Sagradas Escrituras. Lembremo-nos do conselho do decano dos apóstolos “Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e a Palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o Maligno” I Jo 2.14b. Para sermos uma família forte precisamos voltar a Palavra de Deus. Jó era um homem disponível porque conhecia o motivo de sua força: “nas suas pisadas, os meus pés se afirmaram; guardei o seu caminho, e não me desviei dele. Do preceito dos seus lábios nunca me apartei, e as palavras de sua boca prezei mais do que meu alimento” Jó 23.11-12. Jó sabia que só existia para servir a Deus. A semelhança de nosso Senhor Jesus Cristo que disse: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” Jo 4.34. Que belíssima afirmação. Cristo asseverava que a única coisa que o mantinha firme e lhe restaurava as forças (propriedade dos alimentos) era cumprir o pleno desígnio que lhe fora outorgado por seu Pai. A única coisa que Ele tinha a fazer era dispor-se. Nossa família precisa dispor o que possui de melhor a Deus.
Por fim, outra característica poderosa deste corifeu da fé é sem dúvida alguma a “Perseverança”. “Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos” Sl 126.6. Após a perca de todos os seus bens e de todos os seus filhos; este homem de Deus ainda teve que atravessar o tenebroso “vale da sombra da morte”. Diz o livro que leva o seu nome que diante de mais uma derrota, Satanás sugestiona a Deus que se tocado na “pele” Jó blasfemaria abertamente. Conhecendo seu servo, e na eminência de mais uma vez Glorificar o seu nome, Deus o permite. Ato contínuo, outra vez de posse de suas ordens, Satanás fere a pessoa de Jó com tumores malignos que o acometiam desde a planta do pé, até o alto da cabeça. Jó, tendo em vista seu estado, sentado em cinzas raspava-se com um caco. O que nos chama a atenção é que sua mulher, que tivera perdido todos os seus bens além de todos os seus filhos e todos os seus criados, ao ver o seu amado marido naquele estado caótico, não resiste a tamanho sofrimento e num ato muito forte assevera: “Ainda conservas a tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre” Jó 2.9. Por causa do terrível mal lhes afligido, a mulher de Jó, que não tinha sua estrutura, não resistiu e sucumbiu. Entretanto, Jó não se deixou levar e mais uma vez prorrompeu num segundo discurso que a semelhança do primeiro tem servido de estímulo e refrigério para milhares de pessoas ao longo dos séculos: “Falas como qualquer doida; temos recebido o bem e não receberíamos o mal?” Jó 2.10. Jó possuía uma Perseverança belíssima.
Precisamos fazer com que as famílias instruam-se sob a égide deste tipo de testemunho, angariando forças de exemplos como este. Pois, a batalha que nos espreita é terrível e só um soldado bem preparado prevalecerá. Gostaria, a título de exemplo, de citar um livro escrito pelo Pastor John Pipper, “O Sorriso Escondido de Deus”, neste livro ela fala circunspecticamente acerca de três compenetrados homens de Deus. Mas, tendo em vista o espaço, gostaria de citar-lhes ao menos um, nosso amado irmão John Bunnyan. Este homem, apaixonado pelo Senhor como era, não acolheu a ordem que lhe impingia a obrigação de comunicar a Cristo tão somente de sobre o púlpito, e saindo pelos campos e montes propagava a Cristo com um ímpeto tão contagiante que as pessoas rendiam-se a Cristo em converções tão singulares que chamaram a atenção dos clérigos. Estes, enciumados pela presença de Deus na vida de Bunnyan, acharam por bem manietar-lhe no cárcere da prisão. Todavia, o que mais o afligia não era a prisão em si, mas, ter que ver pelas grades gélidas de sua fétida cela, a sua amada filha, que cega, mendigava à rua que ficava em frente à torre. Que visão lastimosa! Talvez qualquer um de nós tivesse se recolhido a um sentimento de auto comiseração que desaguaria numa profundíssima depressão. Mas, Bunnyan não. Este buscou forças em Deus, e, de posse de uma pena, um cadinho de tinta e algumas poucas folhas clivadas, escreveu o livro que excetuando-se a Bíblia é o mais lido do mundo, o aclamado “O Peregrino”. Que exemplo de uma poderosa perseverança.
Concluindo, oro para que o Senhor da seara nos impulsione a vencermos os desafios que nossa geração nos impõe. Que as características exaradas do testemunho de Jó nos impulsionem a vencermos a inércia que insiste em nos afastar do embate. Que o Senhor por seu irresistível poder nos torne mais uma vez visionários inflamados, ávidos por um mundo melhor, mais saudável e iluminado. As circunstâncias nos são contrárias, o inimigo tem se fortalecido, e às vezes até avançado. Entretanto, jamais será adversário a altura da “Igreja do Deus Vivo, Coluna e Baluarte da Verdade”. Que haja sempre em nossos catecúmenos motivação, disposição e perseverança, pois, “a esperança e a chama da fé não se apagarão, enquanto jovens idealistas houver, e de vasos de barro, o Senhor nos suscitar grandes exemplos. Eu também tenho um sonho!”.
A Família é importantíssima para obra missionária!
A relevância dos aspectos contextuais e fenomenológicos para comunicação do Evangelho.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
sexta-feira, 7 de maio de 2010
A CONTEXTUALIZAÇÃO NÃO NOS TORNA LIBERAIS.
Nunca tive dúvida alguma de que quem convence o homem do pecado, da justiça e do juízo é o Espírito Santo de Deus (Jo 16.8). Este convencimento, por sua vez, é produzido através da Pregação da Palavra de Deus de maneira pertinente e significativa. Com base nisso, ao contrário de muitos não me preocupo com resultados imediatos, com conversões em massa, ou mesmo com a forma com que a mudança regeneradora ocorrerá na vida do indivíduo que recebe a Palavra, seja em contexto transcultural ou não. Creio veementemente que minha única função é comunicar o Reino de Deus através do Evangelho de Cristo, e que os resultados, ficaram por parte de Deus. Minha única missão é me deter na comunicação. E para que ela tenha virtude em minha boca, procuro fazer com que o meu caráter preceda a minha habilidade de maneira que a minha vida se torne à vida de meu ministério. Ato contínuo, acredito que uma das maneiras de que dispomos para que esta comunicação se estabeleça de maneira genuína, seria através da pura e simples ortodoxia, a qual emana de uma vida de piedade e santidade.
Chamo atenção para o fato de que a premissa de se comunicar o Evangelho de maneira contextualizada não pressupõe de forma alguma um desapego à ortodoxia, absolutamente. É através da herança reformada de que dispomos que vislumbramos uma comunicação que conduza o receptor da mensagem a um Deus Soberano que nos encontra em estado de completa depravação, e que mesmo assim, conforme sua soberana vontade, se compadece de nós através do sacrifício perfeito de Nosso Senhor Jesus Cristo. Atentem para o fato de que é através da pregação do Evangelho que Deus transforma a vida do pecador.
Comunicar um evangelho dissociado das doutrinas inalienáveis da reforma é uma completa perca de tempo, pois, a ortodoxia está para o evangelho, assim como a contextualização está para aplicação da mensagem. Notem que é através de uma visão progressista que a perfeita comunicação se efetua. O evangelho precisa ser pregado levando-se em consideração a identidade cultural de cada povo, assim como o momento histórico vivido por ele. Todavia, não há que se confundir visão progressista com liberalismo teológico. Uma coisa não tem nada a ver com a outra, muito pelo contrário. O fato de se comunicar o Evangelho de maneira compreensível não pressupõe que o mesmo precise ser “diluído” para que as pessoas o compreendam. Isto é uma visão equivocada do que propõe a contextualização.
Muitos povos que teoricamente constam como “alcançados” infelizmente não estão tão bem evangelizados assim. Quando digo alcançados, necessariamente não associo presença evangélica com presença do evangelho. Existem povos que foram alcançados por evangélicos, mas que infelizmente não foram alcançados pelo evangelho. A Teologia Liberal em toda sua peçonha tem feito com que muito esforço e determinação culminem numa empreitada missionária desacreditada de verdade e vida. A comunicação de um evangelho que não expressa pormenorizadamente todo o desígnio de Deus não pode ser considerada salvífica, muito pelo contrário, é na verdade mais uma comunicação de engodo que precisa ser suplantada o quanto antes. Os liberais, hávidos por uma missiologia relacional, que suplanta a soberania de Deus, mais provocam dúvidas do que vida, e sempre que comunicam verdades apodíticas do Evangelho, o fazem de maneira que boa parte dos dogmas da igreja sejam vexosamente deixados de lado, para que ao seu bel prazer, às pessoas concebam um deus que não é o Deus soberano das Escrituras Sagradas, mas outro.
Em defesa da verdadeira missiologia, o missionário Ronaldo Lidório, sabiamente assevera que a comunicação intercultural do evangelho que não leva em consideração a contextualização, não passa de um simples compartilhar de idéias. Concordo plenamente. Porém, na mesma proporção, ao contrário do que crêem os liberais, creio que um Evangelho que não leve em consideração as verdades promulgadas pela Palavra de Deus em toda sua extensão, também não passa de um simples compartilhar de idéias. Ou seja, o evangelho pregado através de um viés neoliberal, em nada somará a vida dos ouvintes.
O que me faz prorromper em defesa dos sólidos alicerces ortodoxos em que repousam a missiologia genuína, são os comentários que vez por outra ouvimos de pessoas que pensam ser a comunicação contextualizada um sinônimo de liberalismo teológico. As doutrinas reformadas que emanam dos livros que relatam a história de missionários verdadeiramente comprometidos com o evangelicalismo retumbam em favor da práxis axiomática da comunicação centrada única e exclusivamente na Bíblia e comprovam que estão redondamente enganados todos os que pensam o contrário. Orgulho-me do fato de compartilhar o interesse pela compreensão do evangelho supracultural em contexto cultural com homens como o Apóstolo Paulo, Santo Agostinho, João Calvino, Martinho Lutero, William Karey, Hudson Taylor, David Brainerd, David Livinsgton, Jim Elliot e tantos outros que não compõem esta lista sucinta, mais que sem sombra de dúvida repousam seguros numa lista deveras mais importante.
É fato provado na história belíssima das chamadas “Missões Modernas” que o parâmetro que fez com que atuação missionária atendesse as expectativas almejadas foi a pregação da genuína Palavra de Deus na língua do povo de maneira a atender suas mais intimas expectativas. E isso, só foi possível graças ao legado imprescindível que nos foi deixado pela reforma. Falem na linguagem do povo! Era o grito de ordem dos nossos amados reformadores e foi ele que se fez ouvir no despertar missionário em tela. A ortodoxia que remonta o parecer apostólico e endossa nossas confissões de fé, é que foi decisiva para o despertar que nos impulsiona e alegra até os dias de hoje.
Depreende-se, que a comunicação conforme o padrão gramático-histórico das Escrituras, colocado em prática através da abordagem crítica da contextualização, nos dará a paz de que precisamos para deitarmos a noite e dormirmos tranqüilos na certeza de que “Estamos proclamando o Reino de Deus e vivendo o Evangelho de Cristo”. Mas, ainda assim, existem sempre aqueles que não querem dar ouvidos a verdade, conforme foi assaz demonstrada e continuarão a nos atacar rotulando-nos injustamente de liberais. Perseveremos, pois, existem muitos lugares para homens corajosos no céu, conforme bem nos alertou Paul Tournier:
O medo de ser julgado mata a
espontaneidade; impede os homens de se
manifestar e de se exprimir livremente, tal
como são. É preciso muita coragem para
pintar um quadro, para escrever um livro,
para construir um edifício com linha
arquitetônica nova ou pra formular uma
opinião independente, uma idéia original.
Nossa práxis remonta aquele que assumiu a semelhança de homem, o ápice da contextualização...
Chamo atenção para o fato de que a premissa de se comunicar o Evangelho de maneira contextualizada não pressupõe de forma alguma um desapego à ortodoxia, absolutamente. É através da herança reformada de que dispomos que vislumbramos uma comunicação que conduza o receptor da mensagem a um Deus Soberano que nos encontra em estado de completa depravação, e que mesmo assim, conforme sua soberana vontade, se compadece de nós através do sacrifício perfeito de Nosso Senhor Jesus Cristo. Atentem para o fato de que é através da pregação do Evangelho que Deus transforma a vida do pecador.
Comunicar um evangelho dissociado das doutrinas inalienáveis da reforma é uma completa perca de tempo, pois, a ortodoxia está para o evangelho, assim como a contextualização está para aplicação da mensagem. Notem que é através de uma visão progressista que a perfeita comunicação se efetua. O evangelho precisa ser pregado levando-se em consideração a identidade cultural de cada povo, assim como o momento histórico vivido por ele. Todavia, não há que se confundir visão progressista com liberalismo teológico. Uma coisa não tem nada a ver com a outra, muito pelo contrário. O fato de se comunicar o Evangelho de maneira compreensível não pressupõe que o mesmo precise ser “diluído” para que as pessoas o compreendam. Isto é uma visão equivocada do que propõe a contextualização.
Muitos povos que teoricamente constam como “alcançados” infelizmente não estão tão bem evangelizados assim. Quando digo alcançados, necessariamente não associo presença evangélica com presença do evangelho. Existem povos que foram alcançados por evangélicos, mas que infelizmente não foram alcançados pelo evangelho. A Teologia Liberal em toda sua peçonha tem feito com que muito esforço e determinação culminem numa empreitada missionária desacreditada de verdade e vida. A comunicação de um evangelho que não expressa pormenorizadamente todo o desígnio de Deus não pode ser considerada salvífica, muito pelo contrário, é na verdade mais uma comunicação de engodo que precisa ser suplantada o quanto antes. Os liberais, hávidos por uma missiologia relacional, que suplanta a soberania de Deus, mais provocam dúvidas do que vida, e sempre que comunicam verdades apodíticas do Evangelho, o fazem de maneira que boa parte dos dogmas da igreja sejam vexosamente deixados de lado, para que ao seu bel prazer, às pessoas concebam um deus que não é o Deus soberano das Escrituras Sagradas, mas outro.
Em defesa da verdadeira missiologia, o missionário Ronaldo Lidório, sabiamente assevera que a comunicação intercultural do evangelho que não leva em consideração a contextualização, não passa de um simples compartilhar de idéias. Concordo plenamente. Porém, na mesma proporção, ao contrário do que crêem os liberais, creio que um Evangelho que não leve em consideração as verdades promulgadas pela Palavra de Deus em toda sua extensão, também não passa de um simples compartilhar de idéias. Ou seja, o evangelho pregado através de um viés neoliberal, em nada somará a vida dos ouvintes.
O que me faz prorromper em defesa dos sólidos alicerces ortodoxos em que repousam a missiologia genuína, são os comentários que vez por outra ouvimos de pessoas que pensam ser a comunicação contextualizada um sinônimo de liberalismo teológico. As doutrinas reformadas que emanam dos livros que relatam a história de missionários verdadeiramente comprometidos com o evangelicalismo retumbam em favor da práxis axiomática da comunicação centrada única e exclusivamente na Bíblia e comprovam que estão redondamente enganados todos os que pensam o contrário. Orgulho-me do fato de compartilhar o interesse pela compreensão do evangelho supracultural em contexto cultural com homens como o Apóstolo Paulo, Santo Agostinho, João Calvino, Martinho Lutero, William Karey, Hudson Taylor, David Brainerd, David Livinsgton, Jim Elliot e tantos outros que não compõem esta lista sucinta, mais que sem sombra de dúvida repousam seguros numa lista deveras mais importante.
É fato provado na história belíssima das chamadas “Missões Modernas” que o parâmetro que fez com que atuação missionária atendesse as expectativas almejadas foi a pregação da genuína Palavra de Deus na língua do povo de maneira a atender suas mais intimas expectativas. E isso, só foi possível graças ao legado imprescindível que nos foi deixado pela reforma. Falem na linguagem do povo! Era o grito de ordem dos nossos amados reformadores e foi ele que se fez ouvir no despertar missionário em tela. A ortodoxia que remonta o parecer apostólico e endossa nossas confissões de fé, é que foi decisiva para o despertar que nos impulsiona e alegra até os dias de hoje.
Depreende-se, que a comunicação conforme o padrão gramático-histórico das Escrituras, colocado em prática através da abordagem crítica da contextualização, nos dará a paz de que precisamos para deitarmos a noite e dormirmos tranqüilos na certeza de que “Estamos proclamando o Reino de Deus e vivendo o Evangelho de Cristo”. Mas, ainda assim, existem sempre aqueles que não querem dar ouvidos a verdade, conforme foi assaz demonstrada e continuarão a nos atacar rotulando-nos injustamente de liberais. Perseveremos, pois, existem muitos lugares para homens corajosos no céu, conforme bem nos alertou Paul Tournier:
O medo de ser julgado mata a
espontaneidade; impede os homens de se
manifestar e de se exprimir livremente, tal
como são. É preciso muita coragem para
pintar um quadro, para escrever um livro,
para construir um edifício com linha
arquitetônica nova ou pra formular uma
opinião independente, uma idéia original.
Nossa práxis remonta aquele que assumiu a semelhança de homem, o ápice da contextualização...
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