“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra”. At 1.8
Aproveitamos este feriado, mais uma vez, para investirmos no fortalecimento do “Corpo de Cristo”. Ousamos, sobe a égide do Espírito Santo, obedecer a grande comissão e romper com nossa Jerusalém (igreja local) empreendendo vôo, num ônibus velho, até Samaria (uma favela próxima). E lá, em meio a córregos fétidos e pessoas desconfiadas, vislumbramos um pouco do Poder de Deus.
Para muitos, principalmente no momento que estamos vivendo, recheado com a teologia Neo-Pseudo-Pentecostail, com o Teísmo Aberto, com a Teologia Relacional e com a saga da Teologia da Prosperidade. Poder de Deus seria pular, correr, marchar... Filosofar sobre o metafísico... Duvidar da Soberania de Deus... Ou ganhar muito dinheiro... Porém, para alguns nobres soldados do Reino, poder de Deus foi ver alguns adolescentes alimentando um moribundo que mal podia ficar de pé degenerado por tanta fome. Foi ver um seminarista, inconformado com as páginas gélidas dos livros, colocá-lo (o moribundo) confortavelmente sobre um carrinho de mão e conduzi-lo serpenteante, morro a cima, até a igrejinha próxima, para com todo amor e carinho: banhá-lo, vesti-lo, alimentá-lo e piedosamente evangelizá-lo. Restaurando-lhe, mesmo a parcos recursos, num vislumbre de tempo, sua perdida e tão cara dignidade.
Poder de Deus foi prorromper em meio a uma terra inóspita com uma centelha de esperança. Foi ver uma pequena multidão de crianças carentes sorrindo, mesmo que por um pouquinho de tempo, com as afáveis brincadeiras de nossas professoras da Escola Bíblica, todas devidamente fantasiadas e quebrantadas. Foi observar em meio a um sol tórrido e causticante, um singelo voluntário percorrer corredores estreitos e hostis no intuito de fazer um simples teste glicêmico, num popular que por motivo outro, não podia deslocar-se até nossa base (devidamente montada com caibros e lonas). Foi me emocionar ao ver uma jovem recém convertida propalando um convite que até alguns dias atrás lhe parecia tão distante, esforçando-se por conseguir o maior número possível de pessoas para ouvir, na tímida igrejinha de favela, a impactante Palavra de Deus.
Poder de Deus foi ver um grupo de jovens com a Bíblia na mão e os pés nos esgotos. Foi perceber as lágrimas nos olhos de uma velhinha que não estava com a pressão arterial alterada. Foi ouvir um “muito obrigado minha filha, que Deus a abençoe!” Quando o simpático ancião concluía o seu corte de cabelo. Foi observar uma fila que insistia em não ter fim a espera de algumas poucas roupas doadas e surradas. Foi deixar aquela favela um pouquinho mais feliz ao final de mais um projeto evangelístico...
À tardinha, levantamos acampamento após um culto vivo, santo e agradável a Deus e dentro de nosso algoz transporte velho (que nos levava daquele amado lugar) vimos lacrimosos a igrejinha de favela se perder entre os barracos no limiar do horizonte distante. Reclinando-nos aos bancos, em silêncio, volvemos o pensamento ao longe... Valeu a pena! Valeu a pena!
Ao término desta épica empreitada missionária. Apenas o nosso Deus em sua Onisciência saberá discernir o impacto sentido por nossa comunidade ao conviver por algumas horas com aquela gente humilde e amável. Apenas Ele poderá aferir a mudança que experimentará aquela comunidade depois desta humilde, mas poderosa experiência de amor e operosidade.
Isto sim é Poder de Deus!
Por fim, no afago de minha família, após esta maravilhosa experiência, concluo corroborando o amado que poetizou nossa história...
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina
A morte até pode ser a mesma, mas a vida enquanto é vida, pode ser vivida.
Graças ao evangelho, Poder de Deus!
A relevância dos aspectos contextuais e fenomenológicos para comunicação do Evangelho.
quarta-feira, 21 de abril de 2010
sábado, 10 de abril de 2010
O CONTEXTO E A COMUNICAÇÃO
Compartilhar a mensagem cristã de maneira pertinente e significativa tem sido o maior desejo dos servos de Deus ao longo de toda a história do cristianismo. A princípio isto era relativamente fácil, uma vez que, quando do início da igreja, as pessoas se comunicavam tão somente com indivíduos que faziam parte de uma mesma cultura – a israelense. Todavia, com a expansão do cristianismo, novas pessoas de culturas completamente diferentes se viram necessitadas de absorver essa nova realidade espiritual que possuía plenas condições de transformar suas vidas. Esta necessidade de transformação e salvação foi fomentada justamente pela exposição da mensagem cristã, fato que de antemão tinha sido ordenado pelo seu idealizador, o Senhor Jesus Cristo. Esta ordem de comunicar a mensagem (Evangelho), que foi sancionada quando da descida do Espírito Santo no princípio da igreja (pentecostes), unida ao sentimento de urgência que emanava daqueles que pereciam sob a égide de um mundo que jaz no maligno, foi o combustível que impulsionou a expansão do cristianismo.
É fato que os discípulos tinham sido comissionados a compartilhar a mensagem, não só em Jerusalém, mas em toda Judéia, Samaria e até os confins da Terra – “Mas recebereis poder, ao descer sobre voz o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda Judéia e Samaria e até os confins da Terra” (At 1.8). Jesus utilizou estes termos locais como exemplos para ilustrar o fato de que toda humanidade carecia concomitantemente da restauração que provinha do evangelho e que a igreja era o órgão responsável por essa divulgação das Boas Novas. Por causa destas premissas – a grande comissão de Jesus e a urgente necessidade do mundo que clamava e clama por reconciliação –, a igreja, enquanto detentora deste poder restaurador e reconciliador, se viu com um problema (enquanto pertencente a uma cultura) diante de si: como compartilhar o evangelho de Jesus Cristo de maneira pertinente e significativa numa cultura completamente diferente da que a mensagem foi concebida e da que os missionários faziam parte?
A solução, encontrada a princípio por Jesus, e posteriormente utilizada por seus apóstolos, atualmente é o que entendemos ser o método Contextualizado. Jesus demonstrou através de seu ministério e do legado que deixou para os discípulos que para que uma mensagem concebida em contexto intracultural tivesse plenas condições de alcançar todo o mundo habitado, ela precisava ser comunicada de maneira supracultural (por que de fato ela é), ou seja, ela precisava ser fundamentada e extraída única e exclusivamente da Bíblia, todavia, através de parâmetros culturais inerentes ao indivíduo, os quais funcionassem como uma ponte para perfeita compreensão da mensagem, desde que os mesmos parâmetros não se encontrassem em discordância com o teor supracultural e sagrado da mesma. Isto é, a mensagem precisava ser comunicada de maneira contextualizada.
É a fundamentação deste “Pensamento Contextualizado” que dá sentido ao estudo das culturas e nos faz inteligíveis internacionalmente com a mensagem das “Boas Novas” de Salvação. Corroborando este pensamento, acreditamos ser inexorável fundamentar esta necessidade se o que realmente desejamos é uma perfeita comunicação transcultural.
Conforme se observa, é imprescindível que antes de qualquer atividade in loco conheçamos peremptoriamente as nuances culturais em tela e a perfeita relação (sempre crítica) entre o conteúdo cultural do povo alvo e a propagação do evangelho. Este plano de metas visa comprovar que cada povo possui sua própria identidade cultural, fato que justifica (não necessariamente) uma “abordagem diferente” para cada situação. Assim, uma vez definidos os principais objetivos que antecedem a atividade missionária, a Comunicação do Evangelho transcorrerá de maneira que os perigos do sincretismo e da alienação sejam poderosamente evitados. Ato contínuo, a genuína Palavra de Deus estará mais uma vez a realizar sua obra restauradora.
Por causa disso, depreende-se que a perfeita comunicação só pode ser conseguida em toda sua extensão através de uma perspectiva que solidifique a idéia de uma comunicação intercultural eficaz, através de um sólido conhecimento cultural prévio e da poderosa ação impulsionadora do Espírito Santo.
Que o Senhor da seara nos abençoe!
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