Estive lendo "Apologética Cristã no Século XXI, ciência e arte com integridade", editora Vida, do emérito teólogo de orientação anglicana Alister McGrath. A leitura, mesmo conspicuamente esclarecedora, não foi fruto de meu feeling teológico e sim, o pré-requisito para obtenção da bibliografia básica de uma pós-graduação. Ademais, motivos a parte, o que de fato me chamou atenção - condição sine qua non - foi a importância investida a comunicação da mensagem por parte do autor.
A semelhança do Don Richardson (O Fator Melquisedeque), que trata da importância das "pontes culturais" para comunicação do evangelho, McGrath assevera a existência de pontos de contato, os quais, segundo o mesmo, funcionam como "pontos de apoio dados por Deus para a auto-revelação divina". Ainda segundo o autor, tais pontos seriam como catalizadores que concorreriam poderosamente para a comunicação de Deus com o homem e não um substituto do mesmo (animismo). Os pontos de contato seriam "linhas de batedores de um exército, que prepara terreno para a linha maior que a segue".
O ponto de McGrath é a assertiva de que Deus oferece de si mesmo, através da revelação, insights que apontam ininterruptamente para sua pessoa, de modo que o mesmo se torna categoricamente perceptível através do "teatro maravilhoso que criou" (Calvino).
Contudo, após a queda do homem a capacidade do mesmo de perceber a pessoa do criador através da manifestação da natureza foi tolhida pela completa depravação que grassou o mesmo e o lançou num mar de escuridão e desassossego. Isso ocorre por que a natureza humana que percebemos hodiernamente não é a natureza que Deus planejou. Hoje, os seres humanos que não foram alcançados pela obra redentora de Cristo continuam caídos (Vide Gênesis 3.1-24), perdidos como que em um dos self's da mitologia indu. A imagem do Criador Unipotente não passa de um lapso distorcido, um sonho.
Atualmente, mais do que nunca, a humanidade espalhada por todo o hemisfério terrestre se encontra sob o vaticínio engendrado por Agostinho a tantos séculos atrás, "Porque nos criaste para vós, o nosso coração vive inquieto enquanto não repousa em vós". A depravação aniquilou a bússola que conduzia o homem a Deus e o lançou à um mundo disforme sem qualquer parâmetro que lhe reconduzisse ao seu antigo estado. Com isso em mente, McGrath traz a lume um ponto vital para a apologética cristã que verdadeiramente possui um compromisso sério com a comunicação da verdade: "Como fazer para que alguém alheio a fé cristã conceba a Deus, uma vez que a idéia de Deus parece tão abstrata e disforme?". A resposta é categórica e possui fulcro indescutivelmente na Palavra inspirada de Deus, ou seja, está nas obras que Ele criou, as quais funcionam como letreiros que sinalizam o início do caminho outrora perdido por causa do pecado. Mas, se o homem encontra-se num estado de morte (Ef 2.1-3), como isso seria possível? Como encontrar o início desse caminho, compreendê-lo e segui-lo? (John Bunyan). Ora, a única forma de se reencontrar com Deus é por meio da morte vicária de Jesus Cristo, o qual descortina para nós o teatro maravilhoso que se encontra por trás da "cortina do espetáculo", o pecado. Cristo retira de nós o véu que nos impede de compreender a beleza que está por trás do universo e nos reconduz de volta pra casa. Nas palavras de C. S. Lewis:
"O Filho de Deus criou o mundo [...] para comunicar-se por meio de uma imagem que retrata sua excelência pessoal [...]. Ele transmite uma espécie de sombra [...] de seus atributos mais excelentes [...] de modo que quando nos sentimos encantados com os prados floridos e com a brisa suave [...] tomemos aquilo que vemos tão-somente como emanação da doce benevolência de Jesus Cristo"
A partir do encontro que o ser outrora caído e contaminado pelo desafeiçoamento do pecado tem com Jesus, sua mente passa a ser como um jardim plantado por Deus capaz de capturar, ainda que breve e superficialmente, o puro prazer da beleza do Senhor. Entretanto, tudo isso só se torna possível, graças ao fato de que a revelação encarnada por Deus é baseada na capacidade do próprio possui de se comunicar em linguagem humana. É esta poderosa verdade que torna o evangelho imprescindível para a apologética cristã.
A cerca do que estamos tratando, Calvino diz que, na revelação, Deus se ajusta as capacidades da mente humana e do coração humanos. Deus pinta um retrato de si mesmo que podemos entender. Segundo ele, as parábolas de Jesus ilustram perfeitamente este ponto, já que recorrem à palavras e ilustratções que se ajustam perfeitamente ao público. Em suma, Deus tinha que descer ao nosso nível para que pudesse se revelar a nós e satisfazer nossas necessidades.
Destarte, foi justamente esta intenção de McGrath de aventar a importância da comunicação através de símbolos pertinentes aos níveis intelectuais da assistência local que se tornou o zênite do texto em destaque. A meu ver a maneira como o teólogo anglicano expõe a importância da comunicação faz coro ao pensamento citado pelo mesmo e que parte mais uma vez da mente super aguçada de Lewis:
"Temos de aprender a linguagem de nosso público. Desde o início, é preciso que fique claro que nada vale formular a priori o que o 'homem comum' entende ou não entende. É preciso descobrir isso pela experiência [...]. Devemos traduzir toda porção mínima de teologia em linguagem corriqueira. Isso não é fácil [...], mas é indispensável. É também o maior serviço que se pode prestar ao nosso próprio pensamento. Cheguei a conclusão de que, se não for possível traduzir nossos pensamentos em linguajar não técnico, isso significa que eles são confusos. A possibilidade de traduzir é o teste por meio do qual saberemos se fomos capazes de entender o significado daquilo que dissemos".
Entender o significado daquilo que dizemos... É a bandeira que missiólogos comprometidos com a missio dei estão levantando nos quatro cantos da Terra. Não é sem lutas que tal empreitada tem sido pleiteada, entretanto, tal qual o exemplo que encontramos em Cristo, avançamos altaneiramente para nosso alvo - o fulgurar da glória de Deus até os confins da Terra - mesmo que isso nos custe a própria vida, que ao meu ver já não possui valor que me impeça de oferecê-la por um bem maior.
Portanto, tendo em vista a pertinência da contextualização bíblica auspiciosamente inserida num contexto de informações rápidas e globalizadas que encontramos hoje, o livro Apologética Cristã no Século XXI de Alister McGrath, tem servido como chuva serôdia numa terra árida. Livro verdadeiramente relevante para o entendimento da missão, recomendo.
Atualmente, mais do que nunca, a humanidade espalhada por todo o hemisfério terrestre se encontra sob o vaticínio engendrado por Agostinho a tantos séculos atrás, "Porque nos criaste para vós, o nosso coração vive inquieto enquanto não repousa em vós". A depravação aniquilou a bússola que conduzia o homem a Deus e o lançou à um mundo disforme sem qualquer parâmetro que lhe reconduzisse ao seu antigo estado. Com isso em mente, McGrath traz a lume um ponto vital para a apologética cristã que verdadeiramente possui um compromisso sério com a comunicação da verdade: "Como fazer para que alguém alheio a fé cristã conceba a Deus, uma vez que a idéia de Deus parece tão abstrata e disforme?". A resposta é categórica e possui fulcro indescutivelmente na Palavra inspirada de Deus, ou seja, está nas obras que Ele criou, as quais funcionam como letreiros que sinalizam o início do caminho outrora perdido por causa do pecado. Mas, se o homem encontra-se num estado de morte (Ef 2.1-3), como isso seria possível? Como encontrar o início desse caminho, compreendê-lo e segui-lo? (John Bunyan). Ora, a única forma de se reencontrar com Deus é por meio da morte vicária de Jesus Cristo, o qual descortina para nós o teatro maravilhoso que se encontra por trás da "cortina do espetáculo", o pecado. Cristo retira de nós o véu que nos impede de compreender a beleza que está por trás do universo e nos reconduz de volta pra casa. Nas palavras de C. S. Lewis:
"O Filho de Deus criou o mundo [...] para comunicar-se por meio de uma imagem que retrata sua excelência pessoal [...]. Ele transmite uma espécie de sombra [...] de seus atributos mais excelentes [...] de modo que quando nos sentimos encantados com os prados floridos e com a brisa suave [...] tomemos aquilo que vemos tão-somente como emanação da doce benevolência de Jesus Cristo"
A partir do encontro que o ser outrora caído e contaminado pelo desafeiçoamento do pecado tem com Jesus, sua mente passa a ser como um jardim plantado por Deus capaz de capturar, ainda que breve e superficialmente, o puro prazer da beleza do Senhor. Entretanto, tudo isso só se torna possível, graças ao fato de que a revelação encarnada por Deus é baseada na capacidade do próprio possui de se comunicar em linguagem humana. É esta poderosa verdade que torna o evangelho imprescindível para a apologética cristã.
A cerca do que estamos tratando, Calvino diz que, na revelação, Deus se ajusta as capacidades da mente humana e do coração humanos. Deus pinta um retrato de si mesmo que podemos entender. Segundo ele, as parábolas de Jesus ilustram perfeitamente este ponto, já que recorrem à palavras e ilustratções que se ajustam perfeitamente ao público. Em suma, Deus tinha que descer ao nosso nível para que pudesse se revelar a nós e satisfazer nossas necessidades.
Destarte, foi justamente esta intenção de McGrath de aventar a importância da comunicação através de símbolos pertinentes aos níveis intelectuais da assistência local que se tornou o zênite do texto em destaque. A meu ver a maneira como o teólogo anglicano expõe a importância da comunicação faz coro ao pensamento citado pelo mesmo e que parte mais uma vez da mente super aguçada de Lewis:
"Temos de aprender a linguagem de nosso público. Desde o início, é preciso que fique claro que nada vale formular a priori o que o 'homem comum' entende ou não entende. É preciso descobrir isso pela experiência [...]. Devemos traduzir toda porção mínima de teologia em linguagem corriqueira. Isso não é fácil [...], mas é indispensável. É também o maior serviço que se pode prestar ao nosso próprio pensamento. Cheguei a conclusão de que, se não for possível traduzir nossos pensamentos em linguajar não técnico, isso significa que eles são confusos. A possibilidade de traduzir é o teste por meio do qual saberemos se fomos capazes de entender o significado daquilo que dissemos".
Entender o significado daquilo que dizemos... É a bandeira que missiólogos comprometidos com a missio dei estão levantando nos quatro cantos da Terra. Não é sem lutas que tal empreitada tem sido pleiteada, entretanto, tal qual o exemplo que encontramos em Cristo, avançamos altaneiramente para nosso alvo - o fulgurar da glória de Deus até os confins da Terra - mesmo que isso nos custe a própria vida, que ao meu ver já não possui valor que me impeça de oferecê-la por um bem maior.
Portanto, tendo em vista a pertinência da contextualização bíblica auspiciosamente inserida num contexto de informações rápidas e globalizadas que encontramos hoje, o livro Apologética Cristã no Século XXI de Alister McGrath, tem servido como chuva serôdia numa terra árida. Livro verdadeiramente relevante para o entendimento da missão, recomendo.