A relevância dos aspectos contextuais e fenomenológicos para comunicação do Evangelho.
terça-feira, 15 de junho de 2010
DEUS NÃO NOS DESTINOU PARA IRA.
Deus não nos destinou para ira. Esta verdade tem retumbado ultimamente em meu sofrível coração. É interessante notar a fragilidade de nossa vida; num momento tudo está bem, mas, bastam alguns poucos minutos e “boom”, mas um momento difícil se inicia. Não há nada de novo nisso, momentos assim foram perenes nas vidas dos grandes homens de Deus. Quem não lembra da escolha de Abraão diante do corpo inerte de seu único filho já deitado sobre o altar? Da angústia que avassalou o coração de Moisés quando do ferimento da rocha? Do triste arroubo de arrependimento que grassou o coração de Davi após o revelar de seu pecado pelo profeta, pecado este que o fez amargar uma vida de sofrimentos pelo resto dos seus dias? Estes são uns poucos exemplos dos milhares de que dispomos.
A verdade é que nossa vida não está imune a adversidades, elas existem, e são sempre recorrentes, seja em maior ou menor intensidade, elas sempre estão lá. O que invariavelmente acontece, salvo raríssimas exceções, é que quando elas surgem nós agimos como se o fim do mundo nos espreitasse, como se não existisse mais solução para nós, como se não servíssemos ao Deus Todo Poderoso. Esquecemos que Deus não nos destinou para ira! Há pouco tempo eu andava em voltas com algo que me atormentava, que insistia em tirar-me a paz tão cara que em Cristo eu havia conquistado. Como de praxe eu achava que estava tudo acabado, que para mim não existia mais solução. Creio que o sentimento que tanto me afligia era semelhante ao sentido pelo Apóstolo Paulo quando este declarou: “Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a natureza da tribulação que nos sobreveio na Ásia, porquanto foi acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida. Contudo, já em nós mesmos, tivemos a sentença de morte, para que não confiemos em nós, e sim no Deus que ressuscita os mortos” II Co 1.8-9. Não sei a natureza do problema enfrentado por Paulo nesta situação, mas, conforme nos informa I Co 15.32, na Ásia ele “lutou com feras”.
Percebam que o fato de estarmos em plena comunhão com Deus necessariamente não nos exime de passarmos por momentos difíceis, ora, o próprio Senhor Jesus Cristo nos advertiu que no mundo teríamos aflições. Sendo assim, a pergunta que não quer calar é: O que fazer quando a adversidade se levantar?
Primeiro, creio que devemos dar tempo ao tempo. Explico – seria simplório se (eu) dissesse que no momento em que a adversidade se levanta nós não nos incomodamos, não sentimos nenhum tipo de abalo. Pois, na verdade, só é o que sentimos. Lembro-me bem de quando recebi a notícia de que minha filhinha recém nascida teria que ser internada na UTI Néo-Natal do hospital em que nasceu. Meu Deus, que sentimento terrível, ainda hoje insisto para que esta terrível lembrança aquiesça em meu coração. Que dia tenebroso! Todavia, dissipadas as primeiras nuvens cinzas que pairavam sobre a minha cabeça, a poderosa voz de Deus mais uma vez se fez ouvir retumbante pelos corredores sombrios daquele gélido hospital, através do tatalar singelo de uma humilde enfermeira que se deixou levar pela impetuosidade da Glória de Deus, meu coração descansou, e desde aquele instante eu descobri que aquela “prova” não era para morte, mas, para Glória de Deus. De fato, toda adversidade é para Glória de Deus.
Segundo, precisamos nos agarrar ao Evangelho, já dizia o Reverendo Piper, “as Boas Novas não são algo que simplesmente nos livram da justa ira de Deus, algo que nos salva, mas, algo que devemos nos agarrar todos os dias”. Nós precisamos desesperadamente do Evangelho todos os dias, ele é nosso sumo lenitivo, nosso amigo fiel, inabalável. É deveras difícil sobreviver a qualquer intempérie sem um abrigo apropriado, é praticamente impossível. E é justo quando se levantam as provas que nós enfim lembramos de nos abrigar, de nos proteger próximo a algo que nos ofereça “escudo e broquel”. Por isso, insisto que a adversidade, como tudo o mais que existe neste teatro maravilhoso chamado criação, serve apenas para supremacia do Nosso Deus, para glorificá-lo como tudo o mais. Agora, você deve estar se perguntando, como algo tão terrível como o sofrimento de um servo pode glorificar ao Deus ao qual serve? É simples, invariavelmente, o único abrigo deveras pertinente que encontramos durante as lutas é o nosso Deus. É na luta que corremos e recorremos a Ele, que descobrimos sua poderosa singularidade, seu amor constrangedor, seu fardo suave, sua poderosa voz, seu agir aterrador, e sua vontade sempre absoluta e soberana, enfim o “abrigo” de que tanto precisamos. No momento em que a adversidade chega é apenas o Evangelho da Glória de Deus que pode nos ajudar. É justamente o descobrir, ou melhor, o redescobrir (em alguns casos)deste abrigo, que glorifica a Deus
Terceiro, precisamos exercer a fé que nos foi outorgada pelo ouvir desta Palavra ora buscada. Mais uma vez, gostaria de recorrer ao amado Reverendo Piper. Foi num momento de profunda comoção que o Evangelho serviu-lhe como abrigo desejável, como uma bóia que lhe flutuava próximo em meio a um triste naufrágio no assaz profundo oceano Índico. No turbilhão de dor e insegurança que lhe afligia a alma, uma doce voz soou ao seu ansioso coração: “Porque Deus não nos destinou para ira, mas para alcançar salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo” I Ts 5.9. Após esta sentença, diz ele: “Paz como um rio”. É disto que falo, do que descobri com o ministério deste pastor amado, algo que ele chama em referência a Santo Agostinho de “O Legado da Alegria Soberana”. A alegria que não vê circunstâncias, que desdenha do impossível, que nos faz descansar mesmo em meio a mais cruciante batalha, que nos faz vislumbrar que após as nuvens espessas o sol fulgurante jamais deixou de brilhar, que nos impulsiona a levantarmos todos os dias na certeza de que a prova não frustra os planos de Deus, que ela não possui o poder de anular as promessas outrora feitas a cada um de nós, que ela é uma mera serva dos propósitos absolutos de Deus. Ó poderosa alegria!
Só quando esta alegria verdadeiramente inundar os nossos corações, é que entenderemos o que significa vivermos unicamente pela supremacia de Deus, pois, este legado triunfante nos fará compreender que as provas são parte da criação, e que neste circuito fechado, todas as coisas glorificam ao Deus que por tudo que criou glorifica a si mesmo. Tudo o que foi criado, mesmo que com funções diferentes, possui um mesmo fim – A Glória de Deus!
É por causa disso que me agarro ao Evangelho, para que junto com tudo mais venha eu também apontar para supremacia de Deus, através do sacrifício de Cristo, para alegria de todos os povos. Culminando com a alegria que só encontramos neste mister, quiçá a propagação do Evangelho.
Concluo...
Deus não nos destinou para ira, pois, conforme cremos, a prova não é um fim em si mesmo, mas, é, como tudo o mais, para a Glória de Deus! Para a Glória de Deus!
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